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Paulo Octávio renuncia, e DF tem 3º governador em 12 dias
Presidente da Câmara Legislativa assume e diz que não fará "mudanças bruscas"
Interino, que havia assumido
após prisão de Arruda, pediu
desfiliação do DEM para não
ser expulso e atribuiu a sua
renúncia à perda de apoio
Sergio Lima/Folha Imagem
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Deputados distritais do DF participam de sessão da Câmara Legislativa na qual foi lida a carta de renúncia de Paulo Octávio
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Depois das ameaças e dos recuos da semana passada, o governador interino do Distrito
Federal, Paulo Octávio, renunciou ontem ao cargo e se desfiliou do DEM alegando falta de
apoio político. Ele abandona a
legenda e o governo 13 dias depois de assumir no lugar do titular José Roberto Arruda, preso numa sala da Polícia Federal
desde o dia 11 de fevereiro.
A decisão de Paulo Octávio
aumenta as chances de uma intervenção federal no Distrito
Federal, que será analisada pelo Supremo Tribunal Federal.
Apesar de não desejar esse desfecho, o governo Lula já trabalha com a hipótese de que a intervenção seja decretada.
No epicentro de uma crise
política que faz o DF agonizar
desde novembro passado,
quando foi deflagrada a Operação Caixa de Pandora, Arruda e
Paulo Octávio são suspeitos de
comandar o mensalão do DEM
-esquema de formação de caixa dois para a campanha que os
elegeu, em 2006, além de coleta
e distribuição de propina. Eles
negam as denúncias.
No lugar de Paulo Octávio,
assumiu o presidente da Câmara Legislativa, Wilson Lima
(PR), o terceiro governador do
DF em 12 dias.
Aliado fiel de Arruda, Lima
também fez parte da base do
ex-governador Joaquim Roriz
(PSC), um dos principais beneficiados pela crise.
"Não escolhi essa posição,
mas não posso fugir à responsabilidade", disse, por meio de
nota, Lima, que prometeu não
fazer "mudanças bruscas".
Ensaiada desde quinta passada, a renúncia ganhou mais força com a possibilidade de o ex-policial Marcelo Toledo, aliado
de Octávio, selar com a PF um
acordo de delação premiada.
Suspeito de recolher e distribuir propina em nome de Octávio, Toledo aparece em vídeo
entregando maços de R$ 100.
Contudo, a renúncia só foi
considerada definitiva na manhã de ontem, após conversas
com caciques do DEM, que reforçaram a disposição de expulsá-lo sumariamente da sigla.
"Nenhuma dessas premissas
[apoio político] se tornou realidade e, acima de tudo, o partido
a que pertencia solicitou aos
seus militantes que deixem o
governo. Sem o apoio do DEM,
legenda que ajudei a fundar no
DF e à qual pertencia até hoje,
considero perdidas as condições para solicitar respaldo de
outros partidos no esforço de
união por Brasília", escreveu,
na carta de renúncia.
Paulo Octávio não apareceu.
Mandou emissários entregarem a renúncia na Câmara e o
pedido de desfiliação do DEM
no Congresso. Na carta de renúncia, em seis páginas estampadas com o timbre do governo
do DF, Paulo Octávio disse que
deixou o cargo para "apaziguar
os ânimos" e para garantir a governabilidade.
Apesar de não citar o nome
de Arruda, diz que o "titular",
mesmo preso, "continua a ser o
governador da cidade". "Pode,
portanto, em tese, retornar às
suas funções a qualquer momento", escreveu. Caberá ao
STF decidir se Arruda continua
preso, acusado de subornar testemunhas do escândalo. A sessão está marcada para amanhã.
"É um direito dele. O direito
de eleger é do povo e o direito
de renunciar é dele", afirmou o
presidente Lula, no México. Indagado sobre o pedido de intervenção no Distrito Federal, o
presidente afirmou: "Estamos
aguardando a decisão da Suprema Corte".
(FERNANDA ODILLA, LARISSA GUIMARÃES, FILIPE COUTINHO e
ANDREZA MATAIS)
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