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ANÁLISE
A tripulação inteira sumiu!
ELIANE CANTANHÊDE
COLUNISTA DA FOLHA
Nos filmes americanos, o piloto some e o copiloto é baleado, mas sempre surge um passageiro que já pilotou um teco-teco um dia na vida e se revela
um ás ao pousar um Boeing
com 200 pessoas a bordo.
Na realidade do Distrito Federal, o piloto sumiu e não sobrou ninguém. O governo está
em voo livre. O governador está
preso, o vice renunciou, o primeiro presidente da Câmara
Legislativa escafedeu-se e o
atual não tem condições políticas (entre outras) para virar ás
e assumir o comando.
Sobra o presidente do Tribunal de Justiça, que não quer se
aventurar na política, e ainda
mais num momento como esse,
com fortes turbulências e nenhuma pista segura à frente.
O que sobra? Sobra a intervenção federal, que é uma medida drástica, dolorosa, mas
prevista pela Constituição brasileira e instrumento adequado
para uma emergência institucional -que é justamente o que
ocorre na capital da República.
O Supremo Tribunal Federal
e o presidente Luiz Inácio Lula
da Silva já amadureciam essa
constatação, mas aguardavam
uma decantação do quadro político e o melhor momento para
bater o martelo. A renúncia do
vice criou esse momento.
O Supremo está dividido,
mas tende agora aprovar o pedido da Procuradoria-Geral da
República ainda em março, como única saída para a crise.
E Lula, apesar de consciente
do ônus de puxar para a esfera
federal e para ele uma crise que
é local e de adversários, sabia
que poderia não ter alternativa.
Só falta escolher o interventor. Alguém que não seja candidato e tenha conhecimento jurídico, biografia limpa e experiência administrativa, além de
apoio dos partidos governistas
e trânsito na oposição. Ah! E
com certo espírito camicase.
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