|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Envolvido no caso dos "aloprados" volta ao PT
Lacerda foi acusado pela PF de fornecer mala com R$ 1,7 mi para compra de dossiê contra o PSDB e não é consenso entre petistas
Dirigente do partido em São Caetano diz que objetivo de refiliação é fortalecer o PT e deixar passado para trás; Lacerda diz que é inocente
HUDSON CORRÊA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Acusado pela Polícia Federal
de fornecer uma mala com R$
1,7 milhão para compra de dossiê contra tucanos na campanha de 2006, o empresário Hamilton Lacerda foi reconduzido aos quadros do PT no início
deste mês, segundo dirigentes
petistas de São Caetano do Sul,
responsáveis pela refiliação.
Pressionado pela cúpula petista, Lacerda pediu desfiliação
logo após a PF apreender o dinheiro em um hotel de São
Paulo em setembro de 2006
-flagrante que levou à crise na
campanha de reeleição de Lula.
Com a vitória no primeiro turno frustrada pelo caso, o presidente chamou de aloprados Lacerda e os demais envolvidos na
compra do dossiê.
Em entrevista à Folha, o ex-presidente do PT municipal de
São Caetano Edison Bernardes
e o atual dirigente da legenda, o
vereador Edgar Nóbrega, disseram que Lacerda está novamente filiado para garantir
união no partido "e afastar mágoas de petistas simpatizantes"
do aloprado. "Só falta a parte
burocrática de comunicar a filiação à Justiça Eleitoral em
abril", disse Nóbrega.
Bernardes, que assinou a ficha de filiação, disse que a reintegração de Lacerda foi discutida durante reunião com o prefeito petista de São Bernardo
do Campo, Luiz Marinho, ex-ministro do governo Lula.
Investigado pela PF e por
uma CPI no Congresso, Lacerda nunca disse a origem do dinheiro usado para compra do
dossiê. Uma revelação poderia
causar maiores danos a caciques petistas.
Ele sempre manteve a versão
de que, em vez de R$ 1,7 milhão, entregou roupas no hotel
a dois emissários que comprariam o dossiê (planilhas, fotos e
fitas de vídeo sobre venda de
ambulâncias).
O objetivo era envolver o governador de São Paulo, José
Serra (PSDB), em fraudes na
compra de ambulâncias -esquema batizado de máfia dos
sanguessugas.
Até hoje, a PF ainda não
comprovou a origem da quantia, mas indiciou Lacerda por
suposta lavagem de dinheiro.
"Ninguém foi condenado. Não
podemos condenar ninguém",
disse Bernardes. "Queremos
fortalecer o PT e deixar o passado para trás", acrescentou.
Segundo o dirigente, Lacerda
comandava a maioria dos cerca
de 3.100 filiados ao partido no
município. Ex-vereador, ele
disputou a Prefeitura de São
Caetano em 2004 e era nome
cotado para disputar cargo de
deputado estadual em 2006,
mas preferiu a coordenação de
campanha de Aloizio Mercadante (PT) ao governo de SP.
Militantes petistas, porém,
desaprovam a volta de Lacerda.
"Lamento essa decisão. É infeliz", disse Chicão Ribeiro, um
dos líderes do PT em São Caetano do Sul.
Atual presidente da legenda,
o vereador Nóbrega afirmou
que aceitaria um veto à filiação
pela direção nacional do partido, mas considera isso pouco
provável.
A reportagem não encontrou
Lacerda ontem.
Texto Anterior: Minas Gerais: Alencar defende ida de Dilma a dois palanques Próximo Texto: Mato Grosso: Magistrados são condenados por desviar R$1,5 mi Índice
|