São Paulo, sexta-feira, 24 de março de 2006

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PAINEL

Mata no peito 1
A oposição está convencida de que a cúpula da CEF trabalha para encontrar um bode expiatório que livre a cara dos "peixes grandes" no episódio da violação do sigilo bancário do caseiro Francenildo dos Santos Costa, que relatou ter visto Antonio Palocci na "casa do lobby".

Mata no peito 2
O "bode" viria do movimento sindical dos bancários do DF, área sobre a qual Clarice Coppetti, vice-presidente de Informática da Caixa com longo histórico de militância no PT gaúcho, tem grande influência.

Novilíngua
De Ricardo Berzoini, sobre o caso Francenildo: "Não reconheço legitimidade da oposição para cobrar nada. O ACM é conhecido por grampear seus inimigos. A oposição a todo momento vaza dados sigilosos". Assim como todos os ministros, o presidente do PT só fala "vazamento". "Violação", jamais.

Temperatura máxima
Até a pressão da ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, resolveu subir nos últimos dias.

Ninguém sabe...
Evaporou-se a lista de novos mensaleiros que a CPI dos Correios promete há semanas. Parlamentares e assessores agora dizem não saber se há mesmo nomes a revelar. Os cruzamentos teriam sido "inconclusivos".

...ninguém viu
Também Silvio "Land Rover" Pereira poderá respirar aliviado. O subrelatório de contratos da CPI deverá apenas citar o ex-secretário-geral petista, sem pedir seu indiciamento, sob a alegação de que o episódio do carro não foi investigado "a fundo".

Veja bem
No esforço final para desidratar o texto de Osmar Serraglio (PMDB-PR), o relator-adjunto Maurício Rands (PT-PE) cumpre o papel de permanentemente alegar que não há "fundamentação técnico-jurídica" para indiciamentos. Já conseguiu suprimir um punhado de nomes.

Prazo vencido
A turma da pizza na CPI dos Correios até aceita o pedido de indiciamento dos mensaleiros, mas tipificado como "crime eleitoral". Ou seja, já prescrito.

Pizzaiolos unidos...
O presidente do Conselho de Ética da Câmara, Ricardo Izar (PTB-SP), atendeu a um veto de Edmar Moreira (PMDB-SP) ao descartar Julio Delgado (PSB-MG) como relator do voto vencedor no processo do mensaleiro José Mentor (PT-SP).

...jamais serão vencidos
Quando o texto que condenava Pedro Henry (PP-MT) foi derrotado no Conselho, coube a Carlos Sampaio (PSDB-SP), que divergiu, relatar o voto vencedor. À saída de tensa reunião ontem, Moreira, que teve seu voto rejeitado, disse baixinho a Delgado: "Vai ter troco".

Rodízio
Toda semana tem jantar na casa de Valdemar Costa Neto (PL-SP), que renunciou para não ser cassado e continua em alta no governo Lula. Ali, expoentes do mensalão combinam esforços para livrar a cara dos que tiveram a infelicidade de ver seus processos chegar ao plenário.

Tudo combinado
Aliança fechada no Ceará: Cid Gomes (PSB), irmão de Ciro, para governador e Eunicio Oliveira (PMDB) para o Senado. O ministro da Integração deixa mesmo o governo para se candidatar a deputado federal.

Caixa um
Em visita à Granja do Torto neste final de semana, o governador Zeca do PT dirá a Lula que só será candidato a senador se a União liberar verbas para Mato Grosso do Sul não atrasar os salários de servidores.

TIROTEIO

Do senador Álvaro Dias (PSDB-PR) sobre o ministro Luiz Marinho (Trabalho), que fez pouco da violação do sigilo bancário do caseiro Francenildo, a quem chamou ironicamente de "coitadinho":
-Além de preconceituoso, o comentário é revelador da desconsideração do PT pelas leis e pelos valores da democracia.

CONTRAPONTO

Comigo é assim

Depois do quebra-quebra entre as alas governista e oposicionista na liderança do PMDB durante a madrugada de ontem na Câmara, o dia foi de conchavos entre os dois grupos, mas ninguém se arriscava a circular desprevenido pelo Congresso.
O líder do partido, Wilson Santiago (PB), não desgrudou de seu padrinho, o líder no Senado, Ney Suassuna (PB). Numa mesa no cafezinho, os dois riam da pancadaria.
Um senador que passava perguntou ao governista Santiago:
-E aí, Wilson, você apanhou?
O líder, rindo, respondeu:
-Eu? Que nada!
Como o parlamentar insistia em saber qual havia sido a participação de Santiago na contenda, ele emendou:
-Eu não apanho nunca!
Todos se olharam espantados, com a contundência da afirmação, até ele completar:
-Eu sou frouxo, eu corro!


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