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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/PALOCCI EM APUROS
Presidente do BNDES é a opção preferencial caso presidente tenha de demitir ministro
Contrariado, Lula já estuda nomes para suceder Palocci
KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Apesar de ainda decidido a tentar manter o ministro da Fazenda
no cargo, o presidente Luiz Inácio
Lula da Silva já estuda reservadamente nomes para a hipótese de o
desfecho do caso Francenildo dos
Santos Costa levar Antonio Palocci a deixar o governo. Ontem, o
presidente do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), Guido Mantega,
surgiu como nome mais cotado.
Nas palavras de um ministro,
"Lula seria o ministro da Fazenda" com a eventual substituição
de Palocci por Mantega. Ou seja,
este seguiria a determinação para
manter o "paloccismo". Lula viraria o fiador da política econômica.
Lula avalia que a substituição de
Palocci tem de ser um último recurso, esgotadas as tentativas para salvá-lo do atual imbróglio.
Com Mantega, crítico interno
de Palocci, poderia ser ruim a sinalização para o mercado num
eventual segundo governo Lula.
Daí o presidente ter de virar o fiador da política e manter um Banco Central conservador.
Outros nomes aventados em
conversas reservadas da cúpula
do governo são: os ministros Luiz
Fernando Furlan (Desenvolvimento) e Paulo Bernardo (Planejamento), o líder do governo no
Senado, Aloizio Mercadante (PT-SP), e o secretário-executivo de
Palocci, Murilo Portugal.
Furlan é benquisto pelo empresariado, mas é forte crítico de Palocci e tem perfil independente
demais para obedecer Lula cegamente. Bernardo tem a vantagem
de ser afinado com Palocci e com
a atual política, mas seria menos
íntimo de Lula do que Mantega.
Mercadante foi opção pensada
no final do ano passado. Também
tem proximidade com o presidente, mas está disputando a indicação do PT para concorrer ao
governo paulista com a ex-prefeita Marta Suplicy. Antigo crítico de
Palocci, poderia assumir o posto,
desde que se dispusesse a não ter
arroubos para mudar a política.
Portugal encontra muita resistência no PT. Além disso, integrou a equipe econômica de Fernando Henrique Cardoso e não
dispõe da intimidade com Lula
necessária ao cargo.
Tensão no Planalto
Lula está preocupado com o rumo das investigações sobre a violação do sigilo do caseiro Francenildo. Palocci teve discussões ontem com auxiliares por conta do
episódio e demonstrou tensão em
conversas no início da noite.
As conversas sobre a eventual
substituição de Palocci ganharam
força porque, se até o final do mês
ele decidir sair ou for obrigado a
fazê-lo, ainda poderá tentar se eleger deputado federal e manter foro privilegiado para responder a
suspeitas de corrupção de sua
gestão em Ribeirão Preto (SP).
Palocci luta para ficar no cargo.
Avalia que, se deixar o governo,
correrá risco de ter a prisão pedida por um juiz de primeira instância por conta das investigações
do Ministério Público paulista.
Até ontem, a prioridade de Lula
era mantê-lo, mas ciente de que
não pode descartar substituí-lo.
Mudanças na equipe
Negocia-se nos bastidores do
ministério a substituição de dois
importantes integrantes da equipe de Palocci: o secretário do Tesouro, Joaquim Levy, e seu secretário-adjunto José Antônio Gragnani. O governo já está sondando
pessoas para substituí-los.
Ambos começaram a arrumar
as malas no final do ano passado,
mas os planos foram adiados por
conta da crise em torno de Palocci, que, na época, além das denúncias de corrupção durante sua
gestão em Ribeirão, enfrentava
disputas com a ministra da Casa
Civil, Dilma Rousseff.
No caso de Levy, que está cotado para assumir uma vice-presidência no BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento), pesou ainda o fato de o posto não ter
sido desocupado. A expectativa é
de que isso ocorra após uma assembléia anual, em abril.
Já Gragnani deverá se apresentar em maio no Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT),
nos EUA, para temporada de estudos. A situação de Palocci, no
entanto, está dificultando a substituição dos dois técnicos que comandaram o processo de mudança do perfil do endividamento público, com diminuição da quantidade de títulos corrigidos pelo dólar e aumento do prazo dos papéis
emitidos pelo governo. Um dos
cotados para assumir o lugar de
Levy é Alexandre Tombini, diretor de Estudos Especiais do Banco
Central. O substituto de Gragnani
deverá vir do mercado financeiro.
Colaborou SHEILA D'AMORIM, da Sucursal de Brasília
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