São Paulo, sexta-feira, 24 de março de 2006

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Seis dias após violação, CEF encobre suspeitos

MARTA SALOMON
SHEILA D'AMORIM
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A Caixa Econômica Federal avalia que já realizou 90% das investigações sobre a quebra do sigilo da conta poupança do caseiro Francenildo Costa na instituição ao identificar os dois funcionários que usam o computador que imprimiu o extrato bancário na noite da quinta-feira passada.
A nota da Caixa sobre a auditoria não fala em crime de quebra de sigilo bancário e opta por um eufemismo, a "divulgação indevida" de dados. Não há nenhuma linha sobre a participação do comando da estatal no caso. Também não foram divulgados os nomes dos responsáveis pela violação.
"Os dois empregados usuários do equipamento foram convocados a prestar depoimentos, visando a identificação do responsável pela divulgação indevida de informações", diz a nota, divulgada pouco depois do meio-dia, em meio a rumores -negados- de que o presidente da instituição, Jorge Mattoso, seria demitido.
A nota tenta defender a credibilidade da instituição dos abalos políticos ao classificar o episódio como "ato isolado, que a Caixa condena". O texto afirma que as agências do banco continuam prestando "todos os serviços com segurança e qualidade". À noite, a assessoria de imprensa disse que não foi registrado movimento anormal de saques nas agências.
De acordo com a assessoria de imprensa da Caixa, a nota optou por falar em vazamento de informação em vez de quebra de sigilo porque os funcionários tinham acesso ao sistema "Siuso" da Caixa independentemente de autorização judicial e poderiam supostamente estar atendendo a uma determinação superior ao acessar a conta de Francenildo. Os eventuais autores de um suposto pedido com motivo ainda ignorado não foram identificados por ora.
Os nomes dos funcionários usuários do computador -afastados temporariamente dos postos na sede da Caixa- foram comunicados à Polícia Federal, que insistia em convocar Mattoso a prestar esclarecimentos.
Até o esclarecimento do caso, a CEF mantém em sigilo o nome dos usuários da máquina identificada pelo código H4A00000, impresso nos extratos repassados à revista "Época". A assessoria da Caixa não deixou claro se o sistema da estatal não registrou a identificação do funcionário que acessou o sistema às 20h58 da última quinta-feira e por que as investigações partiram das informações constantes do extrato bancário do caseiro entregue à "Época".


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