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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/HORA DAS CASSAÇÕES
Parlamentares a favor da cassação de petista conseguiram convencer os indecisos
Cai no Conselho de Ética parecer a favor de Mentor
FÁBIO ZANINI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Um dia após ser mais uma vez
desautorizado em dose dupla pelo plenário da Câmara dos Deputados, o Conselho de Ética derrubou um parecer que absolvia o
deputado José Mentor (PT-SP) de
envolvimento com o escândalo
do "mensalão".
Depois de muita pressão, os integrantes do conselho conseguiram virar os votos de dois parlamentares que tendiam a apoiar a
absolvição de Mentor: Carlos
Sampaio (PSDB-SP) e Nelson
Trad (PMDB-MS).
O placar final acabou sendo
apertado: oito votos contra o parecer de Edmar Moreira (PFL-MG), que absolvia Mentor, e seis
favoráveis ao seu texto.
Seguindo o regimento do conselho, Trad foi nomeado novo relator do processo, com a missão
específica de elaborar um novo
parecer, pela cassação.
O deputado, que na semana
passada dizia estar convicto da
absolvição de Mentor, ontem
mostrou-se indeciso. "Os fatos
apresentados pelos dois lados me
deixaram aparvalhado", disse
Trad, após ouvir Mentor e deputados favoráveis a cassação.
Na hora de votar pela cassação,
ele disse que o fazia para que o
processo prosseguisse, mas sem
convicção. "No plenário, se eu
continuar em dúvida, voto pró-réu." Nada impede, segundo ele,
que apresente um relatório de
cassação no conselho e vote contra o próprio parecer no plenário.
Minutos depois, surpreso ao ser
nomeado novo relator, não quis
prometer que pedirá a cassação
no parecer. "Não tenho a obrigação de votar de um jeito específico." O novo parecer deve ficar
pronto em duas semanas.
No caso de Sampaio, houve
pressão do PSDB para que ele,
que na semana passada expressava tendência de absolver Mentor,
mudasse de idéia. O tucano disse
que se convenceu após conversar
com Gustavo Fruet (PSDB-PR),
integrante da CPI dos Correios.
Mentor virou persona non grata
no PSDB depois de seu papel como relator da CPI do Banestado,
em que protagonizou uma disputa política com o presidente da comissão, senador Antero Paes de
Barros (PSDB-MT).
A acusação principal contra o
petista era de ter recebido em circunstâncias suspeitas R$ 120 mil
de Rogério Tolentino, advogado
do publicitário Marcos Valério.
Mentor argumentou que o dinheiro é legal, tem nota fiscal e foi
referente a serviços advocatícios
prestados por seu escritório.
Moreira aceitou essa argumentação em seu pedido de absolvição, mas não convenceu a maioria dos integrantes do Conselho.
O deputado Julio Delgado (PSB-MG) pediu vista do processo e ontem apresentou uma nova argumentação, centrada em um suposto conflito de interesses entre
Mentor e Tolentino. O petista tinha o advogado como cliente na
mesma época em que, relator da
CPI do Banestado, investigava o
Banco Rural, utilizado por Valério para seu esquema.
Sampaio disse que as circunstâncias do recebimento dos R$
120 mil não estavam bem explicadas. Ele negou a pressão tucana.
Mentor disse lamentar o resultado final. "As convicções partidárias ficaram acima das provas."
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