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Bolsa-Família vai ficar, afirma Lula
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A sete meses das eleições, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva
afirmou ontem que nenhum de
seus próximos sucessores terá
"coragem" de mexer nos atuais
programas sociais do governo.
Lula defendeu as ações de sua
gestão em discurso de improviso,
no Planalto, a cerca de 80 integrantes do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social. O
presidente não citou nenhum
programa nominalmente, mas
sugeriu que o Bolsa-Família será a
principal vitrine social da campanha petista do segundo semestre.
"Estamos fazendo R$ 22 bilhões
de investimento em programas
sociais neste ano. E, se Deus quiser, será uma política tão perene
que nenhum governo, daqui a
dois ou 30 anos, terá coragem de
mudar, só terá que aperfeiçoar e
melhorar, porque isso não é dádiva, isso não é assistencialismo."
A fala de Lula teve como foco as
classes média e alta da população
-a base do Conselhão. "Quem
toma café de manhã, almoça e
janta todo dia, para esses não tem
problema, qualquer outra coisa
fora disso é assistencialismo."
Em certo momento do discurso,
o presidente lembrou da fase "Lulinha paz e amor", quando não
atacava os adversários nem reagia
às críticas. "É bobagem ficar
achando que o problema é do governo que está, do governo que
passou, do governo que vem. E
não é, porque nós somos passageiros, os governos são passageiros enquanto governos."
"Brasil não é Haiti"
O clima de campanha não ficou
apenas no discurso. Ao final de
sua fala, numa atitude inusitada,
cumprimentou um a um os integrantes do conselho. Antes, defendeu a economia do país, dizendo que não há como comparar o
crescimento do PIB do Brasil com
o do Haiti. "Eu acho que a gente
entra num processo de desinformação que não ajuda, até na educação política do nosso povo."
Lula defendeu também a estrutura familiar. "Nós ficamos discutindo, aqui, a economia, a cada
dia nós colocamos um tema novo,
a cada dia nós fazemos uma coisa,
tem sempre um culpado, não sei
das quantas, e tal. Há uma coisa,
no Brasil, que nós precisamos discutir com profundidade, que é o
processo de degradação da estrutura familiar neste país."
Em seguida, disse que chegou a
pensar em roubar maçãs quando
era criança, mas nunca o fez. "Eu
não pegava porque eu não queria
envergonhar a minha mãe."
(EDUARDO SCOLESE e PEDRO DIAS LEITE)
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