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ONG vê risco para exercício do jornalismo no Brasil
Lista de entidade elenca 14 lugares mais perigosos
SÉRGIO DÁVILA
DE WASHINGTON
O Brasil está entre os 14 lugares mais perigosos do mundo
para o exercício da profissão de
jornalista, junto de países em
guerra, como Iraque e Afeganistão, ou que passam por conflitos civis, caso de Serra Leoa e
Somália. A conclusão é do CPJ
(Comitê para a Proteção dos
Jornalistas), que acaba de divulgar seu levantamento anual.
É o Índice da Impunidade,
que elenca os países em que os
jornalistas são mortos com regularidade e em que o governo
falha ao tentar solucionar os
crimes. Em seu segundo ano,
traz o Brasil em 13º lugar, à
frente da Índia (quanto mais
elevada a colocação, piores as
condições). Os líderes são Iraque, Serra Leoa, Sri Lanka, Somália e Colômbia.
Para chegar ao ranking, a
ONG baseada em Nova York,
que defende a liberdade de imprensa no mundo inteiro, divide o número de casos não resolvidos de assassinatos de jornalistas por milhão de habitantes
no período de 1999 a 2008. Só
entram na lista países com cinco ou mais casos; são considerados não resolvidos os que não
resultaram em condenações.
É a estreia do Brasil na lista.
"Embora as autoridades brasileiras tenham sido bem-sucedidas em promover ação penal
contra alguns assassinos, esses
esforços não diminuíram a alta
taxa do país de violência mortal
contra a imprensa", diz o texto,
segundo o qual alguns "jornalistas cobrindo crime, corrupção e política local" encontraram "consequências brutais".
O CPJ afirma que houve cinco assassinatos de jornalistas
não resolvidos na última década no Brasil. O relatório cita o
de Luiz Carlos Barbon Filho,
que em 2003 denunciou um esquema de aliciamento de menores que envolvia vereadores
de Porto Ferreira (SP) e foi
morto em maio de 2007 num
bar da cidade. "Cinco homens,
entre eles quatro policiais, estão sendo julgados", diz o CPJ.
Brasil, Colômbia e México
são os únicos latino-americanos do ranking, de resto dominado por países do sul da Ásia.
Mesmo em zonas de guerra, como Iraque e Afeganistão, é mais
provável que o jornalista seja
assassinado em decorrência do
assunto que cobre no momento
que durante combate ou vítima
de fogo amigo, diz o comitê.
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