|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Congresso está bambo e perdeu a confiança da sociedade, diz FHC
Para ex-presidente, forma de representação e indulgência do Executivo são os responsáveis pelo descrédito do Legislativo
Líder do PT afirma que fala de tucano é "inadequada e destemperada" ao condenar instituição baseada em atos individuais ou de um grupo
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O ex-presidente Fernando
Henrique Cardoso (PSDB) disse ontem que o Congresso brasileiro está "bambo". Segundo
ele, os escândalos envolvendo
congressistas minaram a confiança da sociedade e o sistema
eleitoral criou um laço muito
tênue entre quem vota e quem
é votado. Lideranças do governo na Câmara rechaçaram as
declarações de FHC.
"Como pode ter democracia
se não tem respeito ao Congresso? Por trás disso estão a
forma de representação no país
e a indulgência do Executivo. O
próprio presidente da República tem que parar de passar a
mão na cabeça e dizer que são
aloprados", disse em palestra
sobre a crise global na Associação Comercial de São Paulo.
O líder do PT, Cândido Vacarezza (SP), disse que a fala do
ex-presidente é "inadequada e
destemperada". "Não é porque
um indivíduo ou um grupo têm
condutas antiéticas que podem
condenar a instituição, o parlamento é forte", disse o petista.
FHC afirmou que a renovação do Legislativo não é suficiente para renovar a confiança
na instituição. Para ele, o país
continuará elegendo o mesmo
tipo de congressista até que reforme a lei eleitoral. "Não dá
mais tempo de fazer reforma,
mas dá para cobrar dos próximos eleitos que a façam nos
primeiros anos de governo."
O tucano atacou o que chama
de "cupinização" do Estado
brasileiro, referindo-se à ocupação de cargos públicos por
militantes do governo. "A partidarização da máquina e a substituição por militantes minam
a capacidade do governo de fazer [a máquina] funcionar."
Para ele, o atual governo está
ressuscitando os esqueletos
que a política brasileira custou
a eliminar. Ele citou a proposta
em estudo no Legislativo para
supostamente enfraquecer a
capacidade de fiscalização das
agências de regulação e a autorização para que bancos públicos comprem financiamentos
feitos em outras instituições.
Em nota, o líder do governo
na Câmara, Henrique Fontana
(PT-RS), rebateu FHC, afirmando que o presidente Lula
está promovendo uma "republicanização" do Estado brasileiro, "afastando as traças que
corroeram o patrimônio público e a economia brasileira com
privatizações e desregulamentação do mercado".
FHC criticou a atuação de
Lula para combater os efeitos
da crise. Para ele, faltam regras
claras de quem pode ou não ser
ajudado. Entretanto, destacou
que o problema também ocorre
em outros países. O tucano disse que o presidente não tem
culpa pela crise que atinge o
país, mas que tem culpa por não
ter fortalecido as instituições e
criado regras a longo prazo que
ajudassem o país a enfrentá-la.
Mais tarde, em entrevista ao
programa "Roda Viva", da TV
Cultura, FHC disse que as influências políticas em nomeações de cargos eram menores
em seu governo do que no de
Lula. Questionado se havia nomeações políticas em Furnas,
disse que sim. Mas afirmou que
houve regressão. Segundo
FHC, uma nova espécie de privatização do Estado é a ocupação de cargos por sindicalistas.
Texto Anterior: Toda Mídia - Nelson de Sá: O fundo do poço? Próximo Texto: Frase Índice
|