São Paulo, quarta-feira, 24 de março de 2010

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Maluf pede à Justiça dos EUA suspensão de ordem de prisão

Defesa requer à corte de Nova York a revogação do alerta vermelho contra deputado e filho e punição para promotor

Para advogada, promotor dos EUA foi "longe demais" ao acusar congressista por crimes pelos quais ele ainda não foi julgado no Brasil


MARIO CESAR CARVALHO
DA REPORTAGEM LOCAL
CRISTINA FIBE
DE NOVA YORK

A Suprema Corte de Nova York marcou para o dia 8 de abril a audiência em que os advogados do deputado federal Paulo Maluf (PP) pedem a suspensão da ação judicial que resultou na ordem de prisão que vigora contra ele naquele Estado norte-americano.
Os advogados pedem também que o promotor de Nova York, Cyrus Vance, retire o alerta vermelho expedido contra Maluf e seu filho Flávio pela Interpol. O deputado e o filho aparecem no site da Interpol como procurados por fraude e roubo e, graças ao alerta vermelho, podem ser presos se deixarem o Brasil.
Na mesma ação, o escritório pede uma punição contra o promotor por ele ter colocado o nome do deputado na lista de procurados da Interpol.
"O promotor foi longe demais ao acusar um congressista brasileiro do crime de posse de propriedade roubada, quando nem o Brasil diz que ele roubou algo", disse à Folha a advogada Sharon McCarthy. "Está além da autoridade do promotor emitir um alerta da Interpol que impeça Paulo Maluf, um deputado, de conduzir seus negócios brasileiros, e seu filho, de viajar internacionalmente para conduzir seus negócios."
A própria advogada reconhece que são "incomuns" ações contra promotores nos EUA.
Maluf e seu filho foram indiciados pela Justiça de Nova York sob acusação de "conspiração em quarto grau". Eles são acusados de usar uma agência do Safra National Bank na Quinta Avenida para tentar lavar dinheiro que teria sido subtraído das obras da avenida Água Espraiada, depois rebatizada de Roberto Marinho.
A avenida foi aberta quando Maluf foi prefeito de São Paulo (1993-1996). O banco recebeu US$ 11,7 milhões desviados da obra, segundo a promotoria de Nova York. A Justiça emitiu a ordem de prisão porque o deputado e o filho não compareceram nas audiências.
Maluf diz que nunca teve conta no exterior e contesta o desvio de recursos.
Os advogados americanos de Maluf dizem que a ação contra ele em Nova York é ilegítima porque se trata de um caso que teria ocorrido no Brasil, onde não há uma decisão definitiva sobre o suposto desvio.
Para a advogada, Maluf não deveria ser processado em Nova York por causa de uma questão brasileira. "A corte deveria deixar que o Brasil agisse".
A promotoria de Nova York diz que Maluf usou a agência do Safra na Quinta Avenida para receber dinheiro desviado do Brasil e comprou relógios antigos em um leilão com recursos ilícitos, chamados na ação de "dinheiro roubado".
Em nota, Maluf diz que a inclusão de seu nome entre os procurados da Interpol foi "mera vingança" do promotor Silvio Marques contra o fato de o deputado ter apresentado um projeto de lei que pune promotores que instaurarem ações sem base jurídica.
Marques diz que a acusação é absurda: "Como pode haver uma retaliação minha se a decisão é da Justiça de Nova York? Bem que eu poderia estar com essa bola toda".


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