|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Maluf pede à Justiça dos EUA suspensão de ordem de prisão
Defesa requer à corte de Nova York a revogação do alerta vermelho contra deputado e filho e punição para promotor
Para advogada, promotor
dos EUA foi "longe demais"
ao acusar congressista por
crimes pelos quais ele ainda
não foi julgado no Brasil
MARIO CESAR CARVALHO
DA REPORTAGEM LOCAL
CRISTINA FIBE
DE NOVA YORK
A Suprema Corte de Nova
York marcou para o dia 8 de
abril a audiência em que os advogados do deputado federal
Paulo Maluf (PP) pedem a suspensão da ação judicial que resultou na ordem de prisão que
vigora contra ele naquele Estado norte-americano.
Os advogados pedem também que o promotor de Nova
York, Cyrus Vance, retire o
alerta vermelho expedido contra Maluf e seu filho Flávio pela
Interpol. O deputado e o filho
aparecem no site da Interpol
como procurados por fraude e
roubo e, graças ao alerta vermelho, podem ser presos se deixarem o Brasil.
Na mesma ação, o escritório
pede uma punição contra o
promotor por ele ter colocado o
nome do deputado na lista de
procurados da Interpol.
"O promotor foi longe demais ao acusar um congressista
brasileiro do crime de posse de
propriedade roubada, quando
nem o Brasil diz que ele roubou
algo", disse à Folha a advogada
Sharon McCarthy. "Está além
da autoridade do promotor
emitir um alerta da Interpol
que impeça Paulo Maluf, um
deputado, de conduzir seus negócios brasileiros, e seu filho,
de viajar internacionalmente
para conduzir seus negócios."
A própria advogada reconhece que são "incomuns" ações
contra promotores nos EUA.
Maluf e seu filho foram indiciados pela Justiça de Nova
York sob acusação de "conspiração em quarto grau". Eles são
acusados de usar uma agência
do Safra National Bank na
Quinta Avenida para tentar lavar dinheiro que teria sido subtraído das obras da avenida
Água Espraiada, depois rebatizada de Roberto Marinho.
A avenida foi aberta quando
Maluf foi prefeito de São Paulo
(1993-1996). O banco recebeu
US$ 11,7 milhões desviados da
obra, segundo a promotoria de
Nova York. A Justiça emitiu a
ordem de prisão porque o deputado e o filho não compareceram nas audiências.
Maluf diz que nunca teve
conta no exterior e contesta o
desvio de recursos.
Os advogados americanos de
Maluf dizem que a ação contra
ele em Nova York é ilegítima
porque se trata de um caso que
teria ocorrido no Brasil, onde
não há uma decisão definitiva
sobre o suposto desvio.
Para a advogada, Maluf não
deveria ser processado em Nova York por causa de uma questão brasileira. "A corte deveria
deixar que o Brasil agisse".
A promotoria de Nova York
diz que Maluf usou a agência
do Safra na Quinta Avenida para receber dinheiro desviado
do Brasil e comprou relógios
antigos em um leilão com recursos ilícitos, chamados na
ação de "dinheiro roubado".
Em nota, Maluf diz que a inclusão de seu nome entre os
procurados da Interpol foi
"mera vingança" do promotor
Silvio Marques contra o fato de
o deputado ter apresentado um
projeto de lei que pune promotores que instaurarem ações
sem base jurídica.
Marques diz que a acusação é
absurda: "Como pode haver
uma retaliação minha se a decisão é da Justiça de Nova York?
Bem que eu poderia estar com
essa bola toda".
Texto Anterior: Foco: Base aliada manobra para suspender depoimento de Vaccari na CPI das ONGs Próximo Texto: Frase Índice
|