São Paulo, quarta, 24 de março de 1999

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Laudo conclui que Suzana reagiu

do enviado a Maceió

Suzana Marcolino não morreu sentada na cama, mas em movimento, se levantando.
Não estava com a coluna praticamente ereta, levemente à frente, mas nitidamente inclinada.
Essas foram as conclusões dos legistas Genival de França e Daniel Muñoz, do especialista em balística Domingos Tochetto e do perito Nicholas Passos no laudo em que se contrapuseram ao relatório oficial do legista Badan Palhares.
A descoberta das fotos comprova que eles acertaram ao determinar a altura aproximada de Suzana em 1,57 m. Para ter certeza dessa medida, os legistas exumaram duas vezes o cadáver -na segunda, discretamente, com autorização judicial, de madrugada.
"Não existe suicídio com alguém se erguendo, e Suzana se erguia num instinto de defesa", disse na semana passada França, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Medicina Legal.
"No momento em que é atingida, Suzana está muito mais à procura de se defender, querendo fugir ou se levantando para pegar a arma de alguém."
Para Daniel Muñoz, professor da USP, "no momento em que Suzana foi atingida, sua postura era dinâmica, a posição era instável, ela não tinha equilíbrio".
Os legistas do segundo laudo dizem que "não existem nos autos provas periciais indicativas de que o tiro que o vitimou tenha sido disparado por Suzana".
O laudo oficial e o inquérito policial formam, a rigor, um só pacote conclusivo. Para os legistas, Suzana se suicidou. A polícia colheu provas para confirmar a tese de homicídio seguido de suicídio.
Suzana havia comprado nove dias antes a arma com que ela e PC foram mortos. Ela teria tentado o suicídio meses antes -parentes próximos nunca tinham ouvido essa história. Nunca se soube por que uma prima de Suzana, Zélia Maciel, confirmou, como testemunha, a versão da compra do revólver, embora no dia das mortes tivesse dito que ela não tinha arma.
O telefone celular com que Suzana teria ligado para um dentista fazendo declarações apaixonadas antes de morrer nunca foi encontrado. Três documentos foram devolvidos para a família com as assinaturas rasgadas. (MM)



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