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Decorador suspeita de funcionários
do enviado especial a Maceió
Um fato inédito aconteceu ao decorador e paisagista Gilson Lima
na madrugada em que PC e Suzana
foram mortos. Segundo ele, dois
seguranças que trabalhavam para
PC o acompanharam até as 2h, pelo menos, de 23 de junho de 1996.
Em oito anos trabalhando para
PC com carteira assinada e prestando serviços ao empresário havia pelo menos 12, Lima nunca tinha tido a companhia constante e
incontornável de seguranças.
Na noite do dia 22, o decorador
foi a uma festa junina no Palhoção.
Antes da meia-noite, chegaram ao
local Paulinho Farias, filho de PC,
escoltado pelo segurança Rinaldo
da Silva Lima, sargento da Polícia
Militar alagoana, e de um policial
civil que trabalhava para PC.
"Vixe, Paulinho, você por aqui?",
surpreendeu-se Gilson Lima, segundo o seu relato. A partir daí,
mais do que acompanhar o garoto,
os seguranças teriam "colado" no
decorador. "Por que grudaram?
Dá para ficar pensando, mas não
tenho convicção", disse à Folha.
O decorador de fato poderia ser
chamado para voltar à casa onde
PC e Suzana morreram: na tarde
do dia 22, a pedido de PC, ele havia
concluído a mudança das capas
dos sofás, livrando-os do lilás que
o patrão detestava. "O doutor Paulo César me disse que, se a dona
Suzana não gostasse dos sofás, ela
me mandaria mudar", disse Lima.
Para pelo menos um amigo, Lima teria afirmado acreditar que os
seguranças o "marcaram", com o
álibi de acompanhar Paulinho, para ter certeza de que ele não iria
voltar à casa de PC Farias.
Se isso for verdade, poderia configurar premeditação das mortes,
com a participação dos seguranças, uma suspeita um juiz e um
promotor afastados do caso mantêm até hoje. "Não quero mais falar dessa história, já fui muito prejudicado", afirma Lima.
Ele foi demitido em seguida às
mortes, com rescisão em 15 de julho de 1996. Motivo: numa conversa com outros funcionários, abalados com a morte de PC, disse:
"Calma, quem sabe o assassino
não está no meio da gente".
No inquérito, afirmou que PC e
Suzana viviam bem. Na hora do
seu depoimento, faltou luz: "Eu
pensei que iria morrer". Não foi
questionado sobre o que fez na
madrugada das mortes nem falou
da companhia dos seguranças.
Tecnicamente, os seguranças falharam na missão de proteger PC.
Até hoje, porém, trabalham ou
mantêm boas relações com os Farias. Juarez Alves é o motorista de
Ingrid e Paulinho, filhos de PC. Entre as 20h do dia 22 de junho de 96 e
as 4h30 do dia 23, ele recebeu 40 telefonemas no seu celular, mais do
que oito vezes a média, como revelou a quebra do sigilo telefônico.
O chefe da segurança de PC, o então sargento Flávio de Almeida Júnior, ex-namorado de Suzana, hoje está fora da corporação. Abriu
uma loja de charutos e vinhos num
bairro elegante de Maceió e trabalha na "Tribuna de Alagoas", o jornal da família Farias.
(MM)
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