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Docentes da Unifesp rejeitam saída de reitor
Com 165 votos a favor e cinco contra, professores manifestam apoio ao reitor Ulysses Fagundes Neto em assembléia
"Há sensacionalismo", diz reitor; ele afirma existir erro no Portal da Transparência em relação aos seus gastos com o cartão corporativo
FERNANDO BARROS DE MELLO
DA REDAÇÃO
Com 165 votos a favor e cinco
contra, os professores da Unifesp (Universidade Federal de
São Paulo) decidiram ontem
apoiar a permanência do reitor
Ulysses Fagundes Neto no cargo. Houve 13 abstenções.
Os professores formaram
uma comissão de seis membros
para acompanhar as investigações sobre denúncias envolvendo gastos da Unifesp.
A assembléia durou mais de
três horas. Logo no começo, os
professores pediram a presença de Fagundes Neto. "Há muita desinformação, sensacionalismo e desejo de desestabilização de nossa instituição", disse
o reitor, no auditório lotado.
Sobre os gastos com cartões
corporativos, ele disse à Folha
que há uma falha no Portal da
Transparência. "No ano de
2007, dos R$ 40 mil que aparecem gastos por mim, eu mesmo
paguei R$ 27 mil. Só R$ 13 mil
foram de diárias. Tudo está
dentro da regra", afirmou.
Reportagem da Folha informou que o TCU (Tribunal de
Contas da União) cobra de Fagundes Neto a devolução de pelo menos R$ 140 mil, por suposto acúmulo indevido de serviço público e atividade privada. O TCU aponta outros 46
funcionários com regime de
dedicação exclusiva que exercem funções privadas.
"Agora não é mais o reitor. É
o Ulysses e mais 46 inocentes
desta instituição que estão sendo atacados de forma vil", disse. "Pessoas que com certeza
não tiveram nenhuma atividade privada estão lá relacionadas. Eu não sei quem tem interesse por trás disso, a quem se
presta esse tipo de situação",
completou o reitor, que ofereceu suas contas para vistoria
dos colegas. Ele foi aplaudido.
Outros professores, que disseram estar na lista de irregularidades do TCU, negaram ter
recebido honorários de uma
companhia de seguros e atacaram a imprensa. "Trata-se de
um processo de linchamento e
de difamação, no qual a universidade é colocada na vala comum", disse Luiz Eugênio Mello, pró-reitor de graduação.
Houve divergências antes
das votações. "Me incomoda
dizermos que estamos sendo
perseguidos, que a imprensa
está fazendo algo orquestrado
contra todos nós professores",
disse Rosemaria Andreazza.
A assembléia ficou agitada
no final. Alguns docentes gritavam para dar suas opiniões e
saber as regras das votações.
Muitos deixaram o auditório.
"Os estudantes respeitam a
deliberação dos professores,
mas nosso posicionamento é
de uma certa decepção", disse
Tiago Sherbo, coordenador-geral do DCE (Diretório Central
dos Estudantes).
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