São Paulo, quinta-feira, 24 de abril de 2008

Texto Anterior | Índice

Docentes da Unifesp rejeitam saída de reitor

Com 165 votos a favor e cinco contra, professores manifestam apoio ao reitor Ulysses Fagundes Neto em assembléia

"Há sensacionalismo", diz reitor; ele afirma existir erro no Portal da Transparência em relação aos seus gastos com o cartão corporativo


FERNANDO BARROS DE MELLO
DA REDAÇÃO

Com 165 votos a favor e cinco contra, os professores da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) decidiram ontem apoiar a permanência do reitor Ulysses Fagundes Neto no cargo. Houve 13 abstenções.
Os professores formaram uma comissão de seis membros para acompanhar as investigações sobre denúncias envolvendo gastos da Unifesp.
A assembléia durou mais de três horas. Logo no começo, os professores pediram a presença de Fagundes Neto. "Há muita desinformação, sensacionalismo e desejo de desestabilização de nossa instituição", disse o reitor, no auditório lotado.
Sobre os gastos com cartões corporativos, ele disse à Folha que há uma falha no Portal da Transparência. "No ano de 2007, dos R$ 40 mil que aparecem gastos por mim, eu mesmo paguei R$ 27 mil. Só R$ 13 mil foram de diárias. Tudo está dentro da regra", afirmou.
Reportagem da Folha informou que o TCU (Tribunal de Contas da União) cobra de Fagundes Neto a devolução de pelo menos R$ 140 mil, por suposto acúmulo indevido de serviço público e atividade privada. O TCU aponta outros 46 funcionários com regime de dedicação exclusiva que exercem funções privadas.
"Agora não é mais o reitor. É o Ulysses e mais 46 inocentes desta instituição que estão sendo atacados de forma vil", disse. "Pessoas que com certeza não tiveram nenhuma atividade privada estão lá relacionadas. Eu não sei quem tem interesse por trás disso, a quem se presta esse tipo de situação", completou o reitor, que ofereceu suas contas para vistoria dos colegas. Ele foi aplaudido.
Outros professores, que disseram estar na lista de irregularidades do TCU, negaram ter recebido honorários de uma companhia de seguros e atacaram a imprensa. "Trata-se de um processo de linchamento e de difamação, no qual a universidade é colocada na vala comum", disse Luiz Eugênio Mello, pró-reitor de graduação.
Houve divergências antes das votações. "Me incomoda dizermos que estamos sendo perseguidos, que a imprensa está fazendo algo orquestrado contra todos nós professores", disse Rosemaria Andreazza.
A assembléia ficou agitada no final. Alguns docentes gritavam para dar suas opiniões e saber as regras das votações. Muitos deixaram o auditório.
"Os estudantes respeitam a deliberação dos professores, mas nosso posicionamento é de uma certa decepção", disse Tiago Sherbo, coordenador-geral do DCE (Diretório Central dos Estudantes).


Texto Anterior: Sanguessugas: Dez ex-prefeitos de MT são denunciados por fraudes
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.