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Governo decide não rebater críticas de Ciro
Deputado foi "injusto" ao dizer que Lula "navega na maionese", afirma Cândido Vaccarezza, líder do governo na Câmara
Ataques surpreenderam até o PSB; Roberto Amaral,
vice-presidente do partido, que esteve ontem com Lula, diz que vai falar com Ciro
VALDO CRUZ
MARIA CLARA CABRAL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Após as críticas e alfinetadas
do deputado Ciro Gomes (PSB-CE), classificadas por governistas de "injustas", o presidente
Lula vai esperar a "poeira baixar" para, então, buscar atrair
seu ex-ministro da Integração
Nacional para a campanha de
Dilma Rousseff.
Auxiliares de Lula consideraram que as críticas do deputado, que pleiteava ser candidato
pelo PSB, estão no "preço" e já
eram esperadas diante do processo de isolamento a que ele
foi submetido. Ontem, a ordem
no governo era não rebater Ciro no mesmo tom.
Agora, o presidente vai
aguardar que o PSB anuncie
oficialmente, na próxima terça-feira, a esperada decisão de
apoiar a candidatura de Dilma e
avaliar o melhor momento para
convidar Ciro para uma conversa. Antes disso, está descartado qualquer encontro.
Na avaliação de governistas,
o roteiro ideal seria Lula ter falado antes com o deputado, na
busca de evitar que ele fizesse
suas tradicionais críticas em
tom agressivo contra o governo
e a candidatura de Dilma. Só
que ele evitou atender ligações
de assessores de Lula que desejavam agendar o encontro.
Para o líder do governo na
Câmara, deputado Cândido
Vaccarezza (PT-SP), Ciro foi
"muito injusto com o PT e com
Lula" ao dizer que o presidente
"navega na maionese".
"Nós garantimos a ele a possibilidade de sair para o governo de São Paulo, ele não topou.
Mas nós não concordamos com
a tese de sua candidatura para a
Presidência. Ele que tem que
arcar com a política dele", disse, para depois afirmar que não
queria polemizar. "Acho que a
gente não deve responder ao
Ciro, ele tem um jeito próprio.
Agora posso dizer que o apoio é
importante e continua sendo."
O ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha,
afirmou que a comparação entre candidatos tem de ser feita
pelo eleitor, numa referência
ao fato de Ciro ter dito que o tucano José Serra é mais preparado do que a petista.
Questionado sobre o assunto, o presidente do PT, José
Eduardo Dutra, limitou-se a
cantarolar a música "Gota d'Água", de Chico Buarque, que fala em "pote de mágoa". Lula foi
na mesma linha: "Estou mudo".
A atitude de Ciro pegou de
surpresa os próprios dirigentes
do PSB. Roberto Amaral, vice-presidente, disse que as declarações são "ruins" e que não
têm amparo no partido.
Amaral afirmou ainda que no
encontro com Ciro foi acertado
que a legenda teria uma posição
unitária. "Com certeza vou procurá-lo [Ciro]. Essa declaração
é uma opinião dele. Somos um
partido democrático, quando
tomamos uma decisão, ela é
obedecida por todos os quadros. Com certeza é ruim, mas
não é uma tragédia", disse.
Junto com o governador
Eduardo Campos (PE), presidente do PSB, Amaral esteve
ontem pela manhã com Lula.
"Ele [Lula] nos disse que respeitaria qualquer que fosse
nossa decisão", disse Amaral.
Campos preferiu não comentar as declarações.
Colaborou RANIER BRAGON,
da Sucursal de Brasília
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