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PRIVATIZAÇÃO DAS TELES
Afastado do caso Telemar, Deuler da Rocha Júnior afirma que faltava só "confirmar alguns documentos"
Delegado diz que poderia ter indiciado Ricardo Sérgio
WLADIMIR GRAMACHO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O delegado da Polícia Federal
Deuler da Rocha Júnior, que até
março apurava irregularidades
no leilão de privatização da Telemar, disse ontem que "havia a
possibilidade de indiciar" Ricardo Sérgio de Oliveira, ex-diretor
do Banco do Brasil e ex-arrecadador de fundos para campanhas do
presidenciável tucano, o senador
José Serra (SP).
Segundo o delegado, "ainda era
preciso confirmar alguns documentos". O principal deles é um
relatório de 2001 do Banco Central que responsabilizava o ex-diretor por irregularidades em operação que garantiu a presença do
banco Opportunity no leilão.
Apesar da necessidade de uma
checagem de dados, "os indícios
de autoria [de crime" estavam
presentes", afirmou o delegado,
durante audiência pública na Comissão de Fiscalização e Controle
da Câmara dos Deputados. Os advogados de Ricardo Sérgio não
comentaram o depoimento.
Segundo o BC, teria havido "imprudência na gestão dos negócios" do Banco do Brasil. Ricardo
Sérgio foi flagrado em grampo telefônico, em 98, dizendo que estava "no limite da irresponsabilidade" durante as preparações para a
privatização da Telebrás, em 97.
Ontem, o delegado disse que
"não cometeria a leviandade de
indiciar sem ter convicção". E
afirmou que esse possível indiciamento não teve relação com seu
afastamento. Ele agora responde
pela delegacia marítima no Rio.
Transferência
Rocha Júnior foi transferido da
delegacia de inquéritos especiais,
que apurava o caso, em março
deste ano, por decisão do superintendente da PF no Rio de Janeiro,
delegado Marcelo Itagiba.
Itagiba foi assessor do ex-ministro da Saúde José Serra e funcionário da Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Se o tucano for
eleito, é o mais cotado para assumir a direção geral da PF.
A mudança foi interpretada pela oposição como uma interferência na condução do inquérito sobre o caso, que está, agora, com a
delegada Patrícia de Freitas.
O presidente da Federação Nacional dos Policiais Federais (Fenapef), Francisco Carlos Garisto,
disse que a transferência de delegados durante investigações importantes não é coisa comum.
"Existe uma desconfiança de uso
político, total." Para ele, "a Polícia
Federal precisa de independência,
porque ela é polícia de Estado,
não de governo".
Para o deputado Welington
Dias (PT-PI), autor do requerimento de audiência, tem havido
ingerência na PF para preservar
pessoas ligadas ao governo.
"Quando [os delegados] começam a indiciar, acabam sendo
afastados."
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