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Sarney elogia
Lula, que faz
autocrítica
DO ENVIADO ESPECIAL
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebeu
ontem, numa vistoria à
ferrovia Norte-Sul, o apoio
do senador José Sarney
(PMDB-AP) à sua reeleição. Sarney prometeu ao
petista "toda a solidariedade" e afirmou que tinha
de "louvar" o "grande administrador" -"um dos
mais populares presidentes da história deste país,
um presidente do povo".
Em troca, o petista chamou Sarney de "meu querido presidente" e disse
que ele "comeu o pão que o
diabo amassou": "Quando
eu te convidei para vir aqui
é porque de vez em quando este país precisa ter humildade e fazer justiça às
pessoas". Lula disse que
no passado criticou a Ferrovia Norte-Sul, um dos
principais projetos de Sarney, mas se arrependeu.
Disse que na época dizia
que a Norte-Sul "ligava nada a nada": "Somente depois que eu comecei a andar o Brasil (...) é que eu
me dei conta de quantas
vezes nós cometemos injustiças contra pessoas".
"Uma coisa eu tenho
tranqüilidade, Sarney:
nunca lhe ofendi", disse
Lula, que em 1987 chamou
o presidente de "ladrão".
A Ferrovia Norte-Sul,
projetada para ligar o Maranhão a Brasília, foi um
dos principais projetos do
governo Sarney. A primeira licitação da obra, orçada
em US$ 2,4 bilhões, foi
anulada depois que o colunista da Folha Janio de
Freitas revelou, em 13 de
maio de 1987, que a concorrência foi fraudada.
Antes da abertura dos
envelopes com as propostas, Janio publicou, sob a
forma de um anúncio, as
iniciais das 18 empresas
que venceriam a licitação.
Sarney determinou a anulação da concorrência e a
instauração de inquérito
policial -que concluiu pela inexistência de irregularidades. O processo foi arquivado em 3 de maio de
1988. Ninguém foi punido.
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