São Paulo, quarta-feira, 24 de maio de 2006

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Sarney elogia Lula, que faz autocrítica

DO ENVIADO ESPECIAL

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebeu ontem, numa vistoria à ferrovia Norte-Sul, o apoio do senador José Sarney (PMDB-AP) à sua reeleição. Sarney prometeu ao petista "toda a solidariedade" e afirmou que tinha de "louvar" o "grande administrador" -"um dos mais populares presidentes da história deste país, um presidente do povo".
Em troca, o petista chamou Sarney de "meu querido presidente" e disse que ele "comeu o pão que o diabo amassou": "Quando eu te convidei para vir aqui é porque de vez em quando este país precisa ter humildade e fazer justiça às pessoas". Lula disse que no passado criticou a Ferrovia Norte-Sul, um dos principais projetos de Sarney, mas se arrependeu. Disse que na época dizia que a Norte-Sul "ligava nada a nada": "Somente depois que eu comecei a andar o Brasil (...) é que eu me dei conta de quantas vezes nós cometemos injustiças contra pessoas".
"Uma coisa eu tenho tranqüilidade, Sarney: nunca lhe ofendi", disse Lula, que em 1987 chamou o presidente de "ladrão".
A Ferrovia Norte-Sul, projetada para ligar o Maranhão a Brasília, foi um dos principais projetos do governo Sarney. A primeira licitação da obra, orçada em US$ 2,4 bilhões, foi anulada depois que o colunista da Folha Janio de Freitas revelou, em 13 de maio de 1987, que a concorrência foi fraudada.
Antes da abertura dos envelopes com as propostas, Janio publicou, sob a forma de um anúncio, as iniciais das 18 empresas que venceriam a licitação. Sarney determinou a anulação da concorrência e a instauração de inquérito policial -que concluiu pela inexistência de irregularidades. O processo foi arquivado em 3 de maio de 1988. Ninguém foi punido.


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