São Paulo, quarta-feira, 24 de maio de 2006

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

"Sanguessugas" presos são soltos a pedido da Justiça

Tribunal vê indícios de envolvimento de deputados e manda inquéritos ao STF

Decisão foi tomada ontem pela 3ª Turma do TRF, no julgamento de um habeas corpus de Carlos Rodrigues, ex-deputado preso pela PF

HUDSON CORRÊA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CAMPO GRANDE

SILVANA DE FREITAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O TRF (Tribunal Regional Federal) da 1ª Região, em Brasília, mandou ontem soltar todos os presos na Operação Sanguessuga, executada no início do mês pela Polícia Federal.
Também determinou a transferência dos inquéritos da 2ª Vara da Justiça Federal de Cuiabá (MT) para o STF (Supremo Tribunal Federal), devido aos indícios de envolvimento de deputados federais.
No fim da tarde, a 2ª Vara Federal recebeu a determinação para expedir alvarás de soltura. O juiz federal Jeferson Schneider havia decretado, no dia 13, as prisões preventivas de 44 presos durante a operação. Os acusados estavam em presídios de Cuiabá.
Segundo a PF, a máfia dos sanguessugas vendia ambulâncias superfaturadas a prefeituras, o que levou ao desvio de ao menos R$ 110 milhões do Ministério da Saúde desde 2001. O dinheiro para as compras era destinado por meio de emendas ao Orçamento.
Presa na operação, a então assessora do Ministério da Saúde Maria da Penha Lino apresentou à PF uma lista de 81 congressistas que, segundo ela, receberam propina. Em uma segunda versão, Penha disse que chegaria a 283 o número de parlamentares envolvidos no esquema.
A decisão de ontem foi tomada pela 3ª Turma do TRF, órgão da segunda instância, no julgamento de um habeas corpus movido pelo ex-deputado Carlos Rodrigues (RJ), preso na operação e expulso do PL em razão do episódio.
O ex-deputado Rodrigues é um dos que constam na denúncia criminal do mensalão.

Foro
Os três desembargadores da 3ª Turma disseram que somente o STF pode decidir os rumos dessa apuração, porque esse é o foro de deputados federais.
Em gravações feitas pela PF de conversas telefônicas, apareceram os nomes de 62 deputados e um senador.
Ao menos 12 então assessores de congressistas foram presos e, em seguida, demitidos. O juiz Schneider mandou a lista de parlamentares à Procuradoria-Geral da República e à Câmara dos Deputados.
Após receber os inquéritos, o STF deverá ouvir o procurador-geral da República, Antonio Fernando de Souza, sobre a necessidade ou não de aprofundamento das apurações.
Em dezembro do ano passado, o empresário Darci José Vedoin, acusado pela PF de liderar a quadrilha dos "sanguessugas", e o deputado Nilton Capixaba (PTB-RO) tentaram trancar no STF as investigação da PF. O ministro Gilmar Mendes arquivou a ação.


Texto Anterior: Campo minado: MST ocupa Banco do Brasil por cinco horas
Próximo Texto: Toda mídia - Nelson de Sá: O show tem que continuar
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.