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Preso diz que vice levou pedidos a Déda
Flávio Conceição afirma em gravação da PF que Belivaldo Chagas encaminhou pleito da Gautama ao governador de Sergipe
Monitoramento feito pela
PF mostra que o encontro do
conselheiro do TCE com o
governador não ocorreu e
que empresa não teve êxito
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Um dos presos pela Operação Navalha da Polícia Federal,
o conselheiro do Tribunal de
Contas de Sergipe Flávio Conceição de Oliveira Neto, afirma
em conversa telefônica gravada
que o vice-governador de Sergipe, Belivaldo Chagas (PSB), encaminhou pleitos da construtora Gautama ao governador do
Estado, Marcelo Déda (PT).
O encontro teria ocorrido em
14 de março, dia em que o vice
de Déda pediu a Flávio Conceição, em conversa telefônica
gravada, informações sobre
dois pagamentos do Estado que
estariam pendentes, um deles
relativo à Gautama. O suposto
encontro entre Déda e seu vice
foi relatado dessa forma por
Flávio Conceição a Zuleido Veras, dono da Gautama:
"Teve a conversa do vice com
o "número 1" [Déda, segundo a
Polícia Federal]. Falei com o vice agora. O "número 1" quer porque quer conversar comigo, tô
esperando. O vice colocou no
canto e disse tudo como era e
como não era a coisa. E ele falou: "Deixe comigo", o número 1
disse, "deixe comigo"."
A Gautama agia naquela época para tentar receber do governo sergipano R$ 500 mil por
supostos serviços feitos na obra
de duplicação do sistema de
adutoras do Rio São Francisco.
Déda e Belivaldo negam que
tenham conversado sobre assunto de interesse da Gautama.
Segundo o governo de Sergipe,
nenhum recurso relativo à obra
foi liberado para a empreiteira
(leia texto nesta página).
Na mesma conversa gravada
entre Zuleido Veras e Flávio
Conceição, o conselheiro do
TCE de Sergipe afirma que teria um encontro a sós com Déda e Belivaldo, com quem possuía uma relação familiar (Conceição é casado com a ex-mulher do vice-governador de Sergipe).
"Vou estar com o vice no fim
de semana, talvez esteja também com o "número 1", porque o
"número 1" falou que ia marcar
um vinho; eu, ele e o vice, sozinho os três", diz, apesar de ressalvar a Zuleido: "[O pleito] Já
está de novo na mão do "número 1", mas é que o pessoal é roda
presa, o governo empacou. (...)
O governo empacou até porque
não tem operadores, ninguém
opera no governo".
O monitoramento feito da
PF nos dias subsequentes mostra que o encontro entre os três
não ocorreu. Dá a entender
também que a Gautama não teve sucesso na empreitada.
Segundo as gravações das
conversas de Flávio Conceição,
ele avalia que o novo governo
estadual estaria represando recursos no primeiro ano da gestão. "Tranca o Estado um ano,
faz um caixa, e o ano que vem
entra com as obras."
A PF relata também que o
conselheiro comandou a rejeição de uma proposta de auditoria nas obras da Companhia de
Saneamento do Estado, o que
podia atingir a Gautama.
"Além de sua participação intensa na organização criminosa, intermediando contatos e
possibilitando liberação de pagamentos, Flávio Conceição
também favoreceu a quadrilha
no exercício de seu novo cargo
como Conselheiro do Tribunal
de Contas", anota o relatório da
PF. A votação contra a auditoria ficou em 5 a 1. De acordo
com conversas de Flávio com
integrantes da Gautama, o grupo desconfiava que o voto pela
auditoria havia sido influenciado por Déda.
(RANIER BRAGON, LEONARDO SOUZA E ANDREZA MATAIS)
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