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Ministro do STF acusa a PF de "canalhice"
Para Gilmar Mendes, polícia usa de "método fascista" de investigação; ele criticou ainda a atuação da colega Eliana Calmon, do STJ
Ao justificar por que soltou cinco presos, o vice do Supremo afirmou que revogou as prisões porque as considerou sem fundamento
SILVANA DE FREITAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O vice-presidente do STF
(Supremo Tribunal Federal),
ministro Gilmar Mendes, acusou ontem a Polícia Federal de
"canalhice" e de uso de "método fascista" de investigação por
causa de críticas a ele, atribuídas a policiais.
Mendes também entrou em
confronto com o procurador-geral da República, Antonio
Fernando de Souza, e atacou a
ordem das prisões preventivas
da Operação Navalha, da ministra do STJ (Superior Tribunal de Justiça) Eliana Calmon,
ao justificar por que soltou cinco dos presos.
Calmon é relatora do inquérito que apura o esquema de
fraude em licitações e obras públicas. Antonio Fernando é o
autor dos pedidos de prisão e
demais medidas da apuração. A
PF faz a investigação. Já Mendes é o relator no STF dos habeas corpus dos investigados
contra as prisões.
Ele disse que telefonou domingo para o ministro Tarso
Genro (Justiça) e para o diretor
da PF, Paulo Lacerda, queixando-se de notas veiculadas em
sites na internet em que policiais diziam "estranhar" o fato
de ele ter concedido liminares a
presos sem que tivesse examinado os autos do inquérito.
A irritação aumentou ontem
após a divulgação da informação de que o seu nome aparecia
em lista de autoridades que receberam presentes da construtora Gautama. Ele voltou a telefonar para Genro, reclamando
da PF. "Há uma estrutura de
marketing para valorizar o trabalho da PF e depreciar a Justiça", protestou.
Ele disse que, entre os investigados na Operação Navalha,
há uma pessoa chamada Gilmar de Melo Mendes e negou
que tenha recebido qualquer
presente da empresa nos últimos dois anos.
A principal queixa de Mendes é a veiculação de críticas
sem a identificação do seu autor. "A PF não pode falar em off.
Off de policial e de ministro do
STF é covardia." Segundo ele,
Tarso deveria responder pelos
vazamentos. É "canalhice", segundo ele, "tentar amedrontar
um ministro do STF.
Horas antes, ele explicou por
que concedeu liminares soltando presos e se irritou ao saber
que Antonio Fernando havia
afirmado que Eliana Calmon,
que decretou as prisões, era
"mais informada" que ele, porque conhece os autos do inquérito na condição de relatora.
Ele disse que revogou as prisões porque as considerou sem
fundamento e que, para isso,
não precisaria examinar os documentos do inquérito.
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