São Paulo, quinta-feira, 24 de maio de 2007

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Toda Mídia

Nelson de Sá

Cassetete, gás, molotov

Começou na internet, que desistiu do PMDB nas manchetes e passou ao "choque entre manifestantes e polícia", no G1, da Globo, e Terra, Folha Online, iG.
Não demorou e o "Brasil Urgente" entrava ao vivo, com Luiz Datena dizendo que "são trabalhadores que têm que ser respeitados, mas têm que manter calma". Daí ao "SPTV" -e César Tralli abrindo com "um dia de protestos pára o trânsito", "professores fecham as duas pistas da avenida Paulista e", por fim, "entram em confronto com policiais". Na locução das imagens, "golpes de cassetete" etc. Nas entrevistas, nada dos professores, só três pessoas reclamando do trânsito.
Depois, foi a manchete do "Jornal da Record", "Dia de protesto em todo o país: em São Paulo, professores e estudantes tentam invadir a Assembléia; no Pará, trabalhadores rurais ocupam Tucuruí". No "Jornal Nacional", por fim, apesar das cenas dos confrontos, até mesmo com coquetel molotov, nada da manchete.

APOIO DA MALÁSIA
Em segundo plano no dia, os estudantes na reitoria da USP colecionaram apoios em seu blog, dos professores em greve a mensagens socialistas até da Malásia. E a cobertura avançou pelas agências Efe, Ansa e, claro, Prensa Latina.

GREVE QUE DIVIDE
A greve dos professores da USP entrou na escalada do "Jornal da Band". Mas para a Globo, no regional "SPTV", "a paralisação é parcial e divide ainda mais a universidade". Ouviram-se dois professores que questionaram a decisão.

PMDB NÃO, CPI
Com notícias como "Governo decide que quem fica com o ministério é o PMDB", à tarde na Globo, e "Ministério fica com o PMDB do Senado, diz Temer", no portal UOL e outros, a cobertura da Operação Navalha esfriou, ontem.
No esforço de manter a primeira manchete, o "JN" abriu apostando na "mudança de clima" no Congresso, que deu maior esperança de se criar uma CPI da Navalha.

NOVA ARQUITETURA GLOBAL
Um dia depois do "Wall Street Journal", ontem foi o "New York Times" que tratou longamente da necessidade de um nova "arquitetura global", quer dizer, mudanças no FMI, Banco Mundial, OMC. A idéia, também no "WSJ", é que as organizações do pós-guerra, em crise (ilustração à dir.) e atacadas no texto pelos ex-secretários Robert Rubin e George Shultz, devem abrir espaço às novas "potências".
O "Financial Times" segue outra linha e pressiona para o presidente do Banco Mundial não ser mais americano. Ontem, usou para tanto a cobrança pública feita nesse sentido pelo representante brasileiro, Otaviano Canuto.

nytimes.com


TOYOTA E O ETANOL
Nem Navalha nem confrontos. O destaque na busca de notícias do Brasil no exterior, ao longo do dia, foi a decisão da maior montadora do mundo, a japonesa Toyota, de produzir carros "flex", com etanol e gasolina, com reflexo global. É notícia de repercussão desde segunda, quando saiu no japonês "The Nikkei".

CUBA E O ETANOL
Fidel Castro voltou a escrever contra o etanol, ontem no "Granma". Mas contrastou com um despacho da agência Associated Press, de que "Cuba está modernizando, sem barulho, seus equipamento de produção de etanol". Atualiza 11 de suas 17 refinarias, segundo Conrado Moreno, da Academia de Ciências de Cuba.

wsj.com
BEN-HUR
No alto da primeira página e com vídeo em seu site (esq.), o "WSJ" destacou "os novos Ben-Hurs", não sem ironia. O enviado a São Simão (SP) retratou Luiz Alves Oliveira, um "fazendeiro de cana cujo plano épico é resgatar a glória das corridas de carruagens"


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@ - Nelson de Sá



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