São Paulo, sábado, 24 de maio de 2008

Texto Anterior | Índice

RESERVA

Presidente do Supremo diz que julgamento deve ser em junho

ANDRÉA MICHAEL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), ministro Gilmar Mendes, disse ontem em entrevista coletiva em Brasília que o julgamento das ações que contestam a demarcação da terra indígena Raposa/Serra do Sol (RR) deve acontecer no final de junho ou, no máximo, início de agosto.
Na última quinta-feira, o ministro sobrevoou a região, cuja forma de demarcação, no modelo contínuo e sacramentada por decreto presidencial, foi questionada diante do Supremo Tribunal Federal, principalmente por fazendeiros que produzem arroz na região.
Mendes fez a viagem até Roraima acompanhado dos ministros Carlos Ayres Britto, relator do caso no STF, e Cármen Lúcia Borges. Os três sobrevoaram, num avião da Força Aérea Brasileira, as cidades de Surumu, Pacaraima e a já quase deserta Água Fria. Desceram em Serra do Sol, a 400 quilômetros de Boa Vista, local em que mantiveram contato com índios da etnia Ingaricó.
Mendes disse que ainda não tem opinião formada sobre o caso. E, mesmo que tivesse, não poderia antecipar o seu voto. Afirmou, no entanto, que o STF terá a oportunidade de julgar um caso "de escola". E explicou:
"Estou convencido de que o tribunal tem em mãos um caso peculiar. Pela primeira vez vai se pronunciar, sob a Constituição Federal de 1988, acerca da soberania indígena, da presença ou não de militares [nessas áreas, que são de fronteira com a Venezuela e a Guiana] e sobre o dever/poder do Estado nessa situação", disse.

Preocupação
A interlocutores, segundo a Folha apurou, o presidente do Supremo disse estar preocupado com a atuação de ONGs na região, que, por vias transversas, acabam cumprindo o papel de Estado até mesmo nas áreas de saúde e educação.
No mínimo, entende Mendes, conforme revelou em conversas reservadas, o julgamento vai levar à revisão das formas de demarcação das terras indígenas, no sentido de submetê-las a um debate mais amplo do que manter, como acontece hoje, a decisão somente de acordo com os critérios estabelecidos pela Funai (Fundação Nacional do Índio).


Texto Anterior: Satélite japonês vê mais desmatamento em Mato Grosso do que sistema do Inpe
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.