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Sozinha, Petrobras investe mais que a União em 2009
Só no 1º bimestre, estatal investiu R$ 8,1 bi, contra R$ 6,8 bi do Tesouro até maio
Grupo prevê gastos de mais de R$ 66 bi até final do ano; valor supera a previsão de investimentos da União para o período em R$ 16,8 bi
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
No centro de uma batalha
política entre governo e oposição desde que foi criada uma
CPI (Comissão Parlamentar de
Inquérito) para investigá-la, a
Petrobras e suas subsidiárias
investiram, apenas nos dois
primeiros meses do ano, quase
três vezes o volume de gastos
do Tesouro no PAC (Programa
de Aceleração do Crescimento)
entre janeiro e o início de maio.
Foram R$ 8,1 bilhões aplicados pela estatal contra R$ 2,9
bilhões investidos pela União
no carro-chefe do governo Lula
num período duas vezes maior.
Os números, registrados no
balanço da Petrobras -lançado
na página do Ministério do Planejamento a cada dois meses-
e no Siafi (sistema de controle
de gastos da União), dão uma
dimensão dos interesses em jogo na CPI da Petrobras.
A Petrobras é a maior estatal
brasileira. Com suas 21 subsidiárias, responde por 92% dos
investimentos de todas as estatais brasileiras. No primeiro bimestre de 2009, sua subsidiária
na Holanda foi a segunda no
ranking dos investimentos da
holding, à frente da Petrobras
Internacional, que dispõe de
orçamento maior.
O grupo inteiro prevê gastos
de mais de R$ 66 bilhões até o
final do ano. O número é 30%
maior do que os investimentos
feitos pela estatal em 2008.
O total de gastos que a holding Petrobras pretende investir supera em R$ 16,8 bilhões os
investimentos da União autorizados por lei para 2009. Parte
desse orçamento de investimentos da estatal depende ainda de captações de recursos no
mercado internacional, fato
apontado por autoridades brasileiras preocupadas com as repercussões políticas de uma investigação no Congresso.
Segundo pesquisa feita pela
ONG Contas Abertas, os investimentos da Petrobras apenas
no primeiro bimestre superam
em 16% os investimentos de toda a administração direta e dos
Poderes Legislativo e Judiciário juntos em mais de quatro
meses em 2009.
Até 7 de maio, o Siafi registrou R$ 6,8 bilhões de investimentos da União, já considerados os pagamentos de contas
pendentes de anos anteriores.
Dentro da estratégia de jogar
a oposição contra a maior estatal do país, o presidente Lula
acusou o PSDB, autor do requerimento para investigar a empresa, de agir de modo "irresponsável" e "pouco patriota".
Alertou que os investimentos
da estatal podem ser ameaçados num cenário de crise econômica internacional.
Diferentemente dos órgãos
da administração direta, cujos
gastos estão na internet, a Petrobras só publica dados genéricos em balanços bimestrais.
A transparência das contas
da estatal é justamente um dos
pontos do projeto de lei apresentado pelo presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP),
anteontem. O projeto cobra a
divulgação na internet de dados de todas as empresas públicas e de economia mista que
exercem atividade econômica.
O próprio governo Lula faz
nos bastidores a mesma crítica
que a oposição dispara em público contra a estatal: ela é uma
caixa-preta e segura informações consideradas confidenciais e estratégicas.
No Planalto, as queixas se
voltam contra o acesso a dados
sobre pesquisas e alguns negócios da empresa. Para a oposição, a reclamação é mais ampla,
por não conseguir saber nem
para quem são destinadas verbas de patrocínios culturais.
O senador Alvaro Dias
(PSDB-PR) foi o autor do requerimento que reuniu 32 assinaturas, 7 delas de congressistas de partidos da base, para investigar a Petrobras e a Agência
Nacional de Petróleo. O PSDB
viu na mudança contábil que
permitiu a estatal pagar menos
impostos a oportunidade para
pedir a criação da CPI.
Mas o requerimento para investigar a empresa é mais amplo, pede tanto para se apurar
"indícios de fraudes" em licitações até "denúncias de irregularidades" no uso de verbas de
patrocínio da estatal.
Uma guerra nos bastidores
entre PMDB e PT tem dificultado a ação do governo para
tentar controlar a CPI da Petrobras. Na próxima terça-feira, Renan Calheiros, líder do
PMDB no Senado, pretende fazer discurso da tribuna para rebater acusações de que o partido estaria exigindo cargos na
Petrobras para abafar a CPI.
Na avaliação peemedebista, o
PT tem estimulado rumores de
que o PMDB pretende colocar
o presidente Lula contra a parede na próxima semana. Lula
deverá se reunir com senadores
do partido amanhã ou terça.
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