São Paulo, domingo, 24 de maio de 2009

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Em fila, petistas esperam STF julgar Palocci

Preferido por Lula para disputar governo de SP, ex-ministro só será candidato se ficar livre da acusação de violar sigilo de caseiro

Deputado está confiante em uma decisão favorável do STF; Fernando Haddad e Emídio de Souza não devem disputar a vaga contra ele


Marcelo Justo/Folha Imagem
O deputado federal Antonio Palocci (PT) e a ex-prefeita Marta Suplicy na comemoração dos 50 anos do prefeito Emídio de Souza

MARCIO AITH
DA REPORTAGEM LOCAL

Ao decidir no próximo dia 4 se aceita ou não denúncia criminal contra Antonio Palocci, ex-ministro da Fazenda, o STF (Supremo Tribunal Federal) definirá o destino eleitoral do PT ao governo de São Paulo.
O Supremo vai julgar se abre uma ação criminal contra o ex-ministro, e agora deputado federal, suspeito de orquestrar a quebra do sigilo bancário do caseiro Francenildo Costa.
Em 2006, o caseiro revelou que Palocci frequentava uma mansão no Lago Sul, em Brasília, onde havia festas, negócios obscuros e partilha de dinheiro. Francenildo desmentiu o então ministro, que, na CPI dos Bingos, dissera nunca ter frequentado a casa. Dois dias depois da revelação, o caseiro teve o sigilo bancário violado pela Caixa Econômica Federal, subordinada ao Ministério da Fazenda.

Equipe
Passados três anos do episódio, Palocci é agora o predileto do presidente Lula para disputar a sucessão do governador José Serra. Mas o deputado diz que só será candidato se o Supremo rejeitar a abertura de uma ação penal contra ele.
Se a denúncia for aceita, e Palocci transformar-se em réu, ele diz que desiste da candidatura, abrindo caminho para os outros três principais pré-candidatos do partido ao governo: o ministro da Educação, Fernando Haddad, o prefeito de Osasco, Emídio de Souza, e o deputado Arlindo Chinaglia.
Nestes meses que antecedem a decisão do STF, Palocci dedica-se a formar uma equipe de campanha e a fortalecer suas relações (sempre fluidas) com industriais e banqueiros. Em um único jantar, reuniu os principais executivos de 20 empresas de grande porte -entre elas a TAM, a Nestlé e a Volkswagen.
No encontro, recolheu sugestões, pedidos e recados. Nenhuma pergunta foi feita sobre o episódio do caseiro ou sobre a denúncia no STF.

Alternativas
Com o respaldo de Lula e a enorme influência que arrecadou com empresários, a candidatura Palocci tem uma força avassaladora dentro do partido.
Na semana passada, Haddad esperava o presidente Lula voltar de sua viagem à China para comunicar-lhe que pretende ser uma alternativa a Palocci em São Paulo, mas não seu adversário. O prefeito Emídio de Souza disse o mesmo. O único que não condiciona seu projeto à decisão do STF é Chinaglia, ex-presidente da Câmara.
O presidente do Diretório Estadual do PT, Edinho Silva, reconhece o peso da decisão do STF. Mas evita apontar a candidatura Palocci como imbatível.
"Os outros nomes também são fortes. Além de Chinaglia e de Emídio, temos também a ex-prefeita de São Paulo, Marta Suplicy e o senador Aloizio Mercadante", disse ele à Folha. Na última sexta-feira, Marta disse a petistas que não será candidata ao governo.
Palocci nunca esteve tão confiante em uma decisão favorável do STF quanto agora. Na semana passada, seus correligionários reuniram-se no hotel Pestana, em São Paulo, para debater a pré-candidatura do ex-ministro ao governo.
Eles exibiam a convicção de que o STF arquivará a denúncia. Mencionaram informações, vindas do próprio STF, de que a tendência do tribunal é a de arquivá-la.
Palocci também tem procurado afastar rumores de que pode ser o candidato à Presidência do PT, em substituição a Dilma Roussef. Segundo ele, esses rumores podem ter um efeito devastador sobre sua candidatura ao intrigá-lo com um de seus melhores interlocutores no PSDB: o governador de São Paulo, José Serra.


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