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EXECUTIVO
Novo titular da Justiça quer participar de relações com Legislativo e Judiciário
Ministério terá papel político com Iris
DANIEL BRAMATTI
da Sucursal de Brasília
O senador Iris Rezende
(PMDB-GO), que na quinta-feira
toma posse como ministro da Justiça, quer ser um "instrumento do
Executivo junto aos demais Poderes". Em outras palavras, pretende
ser uma espécie de coordenador
político do governo.
Segundo ele, outros ministros
assumiram a função por causa da
"inibição" dos ocupantes do Ministério da Justiça -uma referência indireta a Nelson Jobim, que
deixou o cargo para assumir uma
vaga no STF (Supremo Tribunal
Federal).
Mesmo antes da posse, Iris já é
alvo de lobbies relacionados ao
ministério. Ontem, três índios xavantes pediram a ele a demissão do
presidente da Funai, Júlio Gaiger.
Folha - Quais são seus planos para o cargo?
Iris - Espero fazer com que o
ministério volte a atuar na área política, tanto junto aos Poderes Legislativo e Judiciário como junto a
segmentos organizados da sociedade, na elaboração e execução de
uma política que possa atender às
minorias. É preciso também que se
pense na reforma dos nossos códigos. Código de Processo Penal,
Código de Processo Civil, Código
Penal, Código Civil, todos estão
ultrapassados.
Folha - O sr. pensa em assumir a
coordenação política do governo,
não só nos assuntos de interesse
direto do ministério?
Iris - É claro. Eu entendi que o
convite formulado pelo presidente
se justifica, sobretudo, pelo meu
calejamento político. As minhas
relações com as ciências jurídicas
são de cinco anos de faculdade e 12
anos como advogado, período em
que tive meus direitos políticos
suspensos. Agora, a minha experiência política é de 40 anos. Entendo que o presidente espera da
minha parte uma ação efetiva nessa área política. Não na expressão
restrita da política partidária, mas
política de governo.
Folha - Atualmente, o ministério
que mais se destaca nesta área é o
das Comunicações. Isso vai mudar?
Iris - Acredito que, pela inibição do Ministério da Justiça nessa
área, outros integrantes do governo se sentiram no dever de prestar
colaboração. A ação do ministério
muitas vezes se amarra ao perfil do
ministro. Espero, além de dar continuidade ao eficiente trabalho do
ministro Jobim, estender a ação do
ministério à área política.
Folha - Qual é a sua opinião sobre a transferência do julgamento
de crimes militares para a justiça
comum?
Iris - Não sei se a transferência
pura e simples seria a solução esperada. A justiça comum está sobrecarregada.
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