São Paulo, sábado, 24 de maio de 1997.



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EXECUTIVO
Novo titular da Justiça quer participar de relações com Legislativo e Judiciário
Ministério terá papel político com Iris

DANIEL BRAMATTI
da Sucursal de Brasília

O senador Iris Rezende (PMDB-GO), que na quinta-feira toma posse como ministro da Justiça, quer ser um "instrumento do Executivo junto aos demais Poderes". Em outras palavras, pretende ser uma espécie de coordenador político do governo.
Segundo ele, outros ministros assumiram a função por causa da "inibição" dos ocupantes do Ministério da Justiça -uma referência indireta a Nelson Jobim, que deixou o cargo para assumir uma vaga no STF (Supremo Tribunal Federal).
Mesmo antes da posse, Iris já é alvo de lobbies relacionados ao ministério. Ontem, três índios xavantes pediram a ele a demissão do presidente da Funai, Júlio Gaiger.

Folha - Quais são seus planos para o cargo?
Iris -
Espero fazer com que o ministério volte a atuar na área política, tanto junto aos Poderes Legislativo e Judiciário como junto a segmentos organizados da sociedade, na elaboração e execução de uma política que possa atender às minorias. É preciso também que se pense na reforma dos nossos códigos. Código de Processo Penal, Código de Processo Civil, Código Penal, Código Civil, todos estão ultrapassados.
Folha - O sr. pensa em assumir a coordenação política do governo, não só nos assuntos de interesse direto do ministério?
Iris -
É claro. Eu entendi que o convite formulado pelo presidente se justifica, sobretudo, pelo meu calejamento político. As minhas relações com as ciências jurídicas são de cinco anos de faculdade e 12 anos como advogado, período em que tive meus direitos políticos suspensos. Agora, a minha experiência política é de 40 anos. Entendo que o presidente espera da minha parte uma ação efetiva nessa área política. Não na expressão restrita da política partidária, mas política de governo.
Folha - Atualmente, o ministério que mais se destaca nesta área é o das Comunicações. Isso vai mudar?
Iris -
Acredito que, pela inibição do Ministério da Justiça nessa área, outros integrantes do governo se sentiram no dever de prestar colaboração. A ação do ministério muitas vezes se amarra ao perfil do ministro. Espero, além de dar continuidade ao eficiente trabalho do ministro Jobim, estender a ação do ministério à área política.
Folha - Qual é a sua opinião sobre a transferência do julgamento de crimes militares para a justiça comum?
Iris -
Não sei se a transferência pura e simples seria a solução esperada. A justiça comum está sobrecarregada.



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