São Paulo, sábado, 24 de maio de 1997.



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PRIVATIZAÇÃO
Procurador quer saber se Bradesco foi comprador indireto; banco estava impedido de participar do leilão
Venda da Vale pode sofrer investigação

da Sucursal do Rio

O procurador da República Newton Penna requereu à Justiça Federal que investigue a suposta participação do Bradesco, como comprador indireto, no processo de privatização da Companhia Vale do Rio Doce.
Segundo parecer encaminhado à 9ª Vara Federal, se ficar comprovada a atuação do banco na compra da Vale, a privatização "terá de ser anulada, sob pena de desmoralização do princípio (...) da moralidade administrativa".
O Bradesco participou, como consultor, da preparação da venda da empresa, e, por isso, estava proibido de comprar ações no leilão de privatização. O suposto conflito de interesses foi apontado em ação popular ajuizada pelo presidente da ABI (Associação Brasileira de Imprensa), Barbosa Lima Sobrinho.
A operação que Penna quer esclarecer envolve a compra, pelo Bradesco, de R$ 600 milhões em debêntures da Valetron e Belapar, controladas do banco Opportunity. De acordo com reportagens citadas no processo, as duas empresas, por meio do Sweet River Fund, repassaram o dinheiro para uma empresa sob seu controle, a Eletron, que "repassou os mesmos R$ 600 milhões à nova CVRD (leilão de privatização)".
"Pelas mesmas fontes de informação, as debêntures adquiridas pelo Bradesco seriam conversíveis em ações da referida Eletron S/A.", afirma o procurador, no parecer que enviou à juíza Valéria Medeiros de Albuquerque, da 9ª Vara Federal.
Penna requereu que a Justiça peça ao Bradesco, ao Opportunity, à Eletron e ao BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) cópias de documentos e certidões que ajudem a comprovar que a operação existiu e a esclarecer como ela foi feita.



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