São Paulo, domingo, 24 de junho de 2001

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Tempo na TV atenua a divisão no partido

DA REDAÇÃO

Apesar das graves divergências que opõem os dois blocos do PMDB, o partido tem uma sólida razão para ficar unido: o tempo da legenda no horário eleitoral.
Os peemedebistas terão o terceiro maior tempo no rádio e na TV: a divisão do horário gratuito será proporcional às bancadas na Câmara em 15 de fevereiro de 1999. Quem trocar o PMDB por um partido menor, reduzirá suas chances de êxito na eleição.
Basta lembrar o que ocorreu em 1998, quando a ala governista impediu a candidatura de Itamar Franco à Presidência. Na primeira convenção, em 8 de março, os aliados de FHC tiveram 389 votos (55,8%) contra 303 (43,5%) dados aos adeptos de Itamar. Na época, FHC era o favorito à eleição, e Itamar não tinha máquina política.
Apesar disso, o governo, que dizia ter no mínimo 65% dos votos, só venceu graças à barganha fisiológica: convencionais falavam que só o governador Paulo Afonso (SC) obteve R$ 200 milhões do BNDES para apoiar FHC.
Finda a convenção, os dois lados trataram de buscar uma recomposição. Na convenção nacional realizada em 28 de junho, que supostamente deveria aprovar o apoio do PMDB a Fernando Henrique Cardoso, a ala governista simplesmente não apareceu.
Itamar, que decidiu disputar o governo de Minas, também não foi à convenção. O quórum para deliberação não foi alcançado. A ala governista firmou assim um acordo velado com os oposicionistas: o PMDB não apoiou nenhum candidato à Presidência.
Esse antagonismo entre governistas e oposicionistas existe desde a fundação do partido, em 1966, sob o nome de Movimento Democrático Brasileiro. O MDB surgiu como um partido de centro, que representava a oposição "consentida" pelo regime militar, uma vez que os políticos de esquerda já tinham sido cassados.
"Um partido de centro é formado com a esquerda da direita e a direita da esquerda", dizia Amaral Peixoto, um dos fundadores do MDB. De fato, a legenda exibe até hoje um grupo "moderado" (a "esquerda da direita"), sempre disposto a fazer um acordo com o governo de plantão, e um grupo "radical" (a "direita da esquerda"), que se opõe ao governo.
Apesar disso, em toda a sua história, o partido teve apenas dois rachas. O primeiro foi em 1980, quando os "moderados" fundaram o PP (Partido Popular), mas acabou em 1982, quando eles voltaram ao PMDB. O segundo ocorreu em 1988, quando os "radicais" criaram o PSDB. (MAURICIO PULS)




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