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Tempo na TV atenua
a divisão no partido
DA REDAÇÃO
Apesar das graves divergências
que opõem os dois blocos do
PMDB, o partido tem uma sólida
razão para ficar unido: o tempo
da legenda no horário eleitoral.
Os peemedebistas terão o terceiro maior tempo no rádio e na
TV: a divisão do horário gratuito
será proporcional às bancadas na
Câmara em 15 de fevereiro de
1999. Quem trocar o PMDB por
um partido menor, reduzirá suas
chances de êxito na eleição.
Basta lembrar o que ocorreu em
1998, quando a ala governista impediu a candidatura de Itamar
Franco à Presidência. Na primeira
convenção, em 8 de março, os
aliados de FHC tiveram 389 votos
(55,8%) contra 303 (43,5%) dados
aos adeptos de Itamar. Na época,
FHC era o favorito à eleição, e Itamar não tinha máquina política.
Apesar disso, o governo, que dizia ter no mínimo 65% dos votos,
só venceu graças à barganha fisiológica: convencionais falavam
que só o governador Paulo Afonso (SC) obteve R$ 200 milhões do
BNDES para apoiar FHC.
Finda a convenção, os dois lados trataram de buscar uma recomposição. Na convenção nacional realizada em 28 de junho,
que supostamente deveria aprovar o apoio do PMDB a Fernando
Henrique Cardoso, a ala governista simplesmente não apareceu.
Itamar, que decidiu disputar o
governo de Minas, também não
foi à convenção. O quórum para
deliberação não foi alcançado. A
ala governista firmou assim um
acordo velado com os oposicionistas: o PMDB não apoiou nenhum candidato à Presidência.
Esse antagonismo entre governistas e oposicionistas existe desde a fundação do partido, em
1966, sob o nome de Movimento
Democrático Brasileiro. O MDB
surgiu como um partido de centro, que representava a oposição
"consentida" pelo regime militar,
uma vez que os políticos de esquerda já tinham sido cassados.
"Um partido de centro é formado com a esquerda da direita e a
direita da esquerda", dizia Amaral Peixoto, um dos fundadores
do MDB. De fato, a legenda exibe
até hoje um grupo "moderado" (a
"esquerda da direita"), sempre
disposto a fazer um acordo com o
governo de plantão, e um grupo
"radical" (a "direita da esquerda"), que se opõe ao governo.
Apesar disso, em toda a sua história, o partido teve apenas dois
rachas. O primeiro foi em 1980,
quando os "moderados" fundaram o PP (Partido Popular), mas
acabou em 1982, quando eles voltaram ao PMDB. O segundo ocorreu em 1988, quando os "radicais"
criaram o PSDB.
(MAURICIO PULS)
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