São Paulo, segunda-feira, 24 de junho de 2002

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Petista se diz "maracujá maduro"

DENISE MADUEÑO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidenciável Luiz Inácio Lula da Silva (PT) usou seu discurso na convenção do PL para tentar romper preconceitos. Depois de superar barreiras na cúpula de seu mais novo aliado, Lula afirmou aos convencionais liberais que adotou outra atitude de campanha. Não será mais visto "nervoso", atitude comum, como ele mesmo classificou, em suas campanhas passadas.
"As pessoas acham que a gente está ficando moderado. Não, estamos ficando mais velhos e mais experientes. O maracujá verdinho é uma fruta frondosa, dura e bonita, mas azeda. O maracujá maduro vai murchando, fica feio, mas o sabor é infinitamente melhor", disse Lula.
Perante o PL, Lula prometeu não falar mal dos outros candidatos ou do presidente Fernando Henrique Cardoso. "Vamos falar bem de nós, dos nossos partidos e dos nossos programas. É assim que vamos ganhar essas eleições."
A tentativa de afastar preconceitos contra o petista foi também desempenhada pelos seus novos aliados. Bispo Rodrigues (PL-RJ), um dos mais resistentes à aliança, disse, com uma Bíblia nas mãos, que o petista lhe afirmou que gostaria que a palavra de Deus fosse ensinada nas escolas.
Os maiores elogios, no entanto, partiram do senador José Alencar (PL-MG), vice na chapa de Lula. Em um discurso sentimental, Alencar lembrou de sua infância pobre, da ausência de estudos formais em escola regular e de dificuldades de sua trajetória empresarial. As lembranças foram usadas para concluir que ele e Lula são iguais, apesar de um ter se tornado um grande empresário e outro um líder sindical. "Se vocês votarem na gente, estarão votando no Brasil. Nós somos o retrato do Brasil", disse o senador.
Para falar contra o preconceito, Lula contou episódios de sua vida e afirmou ter sido preconceituoso quando foi a uma comemoração empresarial na qual conheceu Alencar -um empresário, segundo Lula, que trabalhou contra ele nas campanhas passadas.
Segundo Lula, na ocasião, depois de ouvir o discurso de Alencar, ele se perguntou: "Por que a gente tem de julgar uma pessoa sem conversar com ela e sem ter informações corretas?"
A ligação política veio em seguida: "O preconceito não cabe a uma pessoa de bem. Essa aliança é um pouco isso", disse.



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