São Paulo, segunda-feira, 24 de junho de 2002

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RUMO ÀS ELEIÇÕES

Adversários criticam proposta do para manter pilares da economia atual durante fase de transição

Garotinho e Ciro atacam "carta" de Lula

PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO

KAMILA FERNANDES
DA AGÊNCIA FOLHA, EM FORTALEZA

Os presidenciáveis Anthony Garotinho (PSB) e Ciro Gomes (PPS) criticaram ontem Luiz Inácio Lula da Silva, pelas posições defendidas pelo candidato do PT em relação à economia do país em pronunciamento no sábado.
No Rio, Garotinho declarou que as propostas do PT para a economia representam a manutenção do modelo defendido pelo atual governo. Ciro, em Fortaleza, também atacou a "Carta ao Povo Brasileiro", lida por Lula anteontem.
O candidato do PSB comparou seu adversário ao ex-presidente da Argentina Fernando de la Rúa. Para Garotinho, Lula, como De la Rúa, não quer ruptura ao modelo atual: "Se é para manter a mesma coisa, fico com o original".
Na visão de Garotinho, Lula e De la Rúa não conseguiram identificar que o principal problema do Brasil e da Argentina é a concentração excessiva de capital na especulação financeira. "O Lula diz que os bancos não precisam se preocupar com ele. Pois comigo os bancos vão ter que se preocupar muito, porque ganharam dinheiro explorando o povo", disse.
De la Rúa, eleito em 1999, manteve o modelo de paridade entre o peso argentino e o dólar que havia sido implantado por seu antecessor, o peronista Carlos Menem. Renunciou em 2001, quando o país, inadimplente, suspendeu o pagamento da dívida externa.
As críticas de Garotinho se referem ao compromisso de Lula, de manter, em fase de transição, os pilares da atual política econômica: as metas de inflação, o câmbio flutuante, o superávit primário de 3,75% do PIB e o aperto fiscal.
Garotinho fez suas declarações no lançamento do ex-prefeito do Rio Luiz Paulo Conde como candidato a vice na chapa de sua mulher, Rosinha Matheus, que concorre pelo PSB ao governo do Rio.

Críticas de Ciro
Na convenção da Frente Trabalhista no Ceará, Ciro Gomes declarou que Lula fez "homenagens à agressão internacional" que o Brasil vem sofrendo, na carta em que diz que, no Planalto, manterá os compromissos firmados na atual gestão. "É uma inerência do Estado de Direito democrático o respeito às leis e aos contratos. Não precisa ficar fazendo homenagens a essa agressão", disse.
"O Brasil está sendo vítima de um ataque, um ataque internacional, e um estadista tem de saber bastante bem como proteger a sua gente, e proteger a sua gente não é assumir compromissos espúrios ou retóricos com especuladores internacionais."
Ciro disse achar "lamentável" que o petista, "com a importância e a liderança que tem no país, tenha engolido a isca e se rendido a essa idéia de que palavras falsas vão subverter a interdição que ele sofre por setores da burguesia financeira internacional".
Além dos ataques a Lula, Ciro acusou o candidato do PSDB à Presidência, José Serra, de estar por trás de esquema de dossiês e grampos telefônicos contra os candidatos de oposição ao governo -como no caso das acusações contra o PT e o suposto esquema de propinas em Santo André.



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