DA AGÊNCIA FOLHA, EM FORTALEZA

As convenções do PSDB e do PPS no Ceará, realizadas ontem, confirmaram o que o ex-governador Tasso Jereissati definiu como ""bigamia": a estreita relação entre tucanos do Estado e o presidenciável Ciro Gomes (PPS).
"Aqui o nosso caso é muito claro e antigo. Estamos numa situação delicada, porque nunca fomos contra o Ciro nem nunca fomos contra o PSDB. Estamos exercendo uma coerência, somos bígamos", disse Tasso, que, a seguir, remendou: "É brincadeira".
Para justificar a proximidade com Ciro, o ex-governador afirmou que 99% das propostas econômicas de Ciro e do candidato do PSDB, José Serra, são iguais. "Olhe bem as propostas econômicas do Serra e do Ciro. São muito parecidas, 99% são comuns."
Ciro é cria política de Tasso, tendo sucedido o mentor no comando do governo estadual em 1991. O presidenciável, que era do PSDB, nunca se afastou de Tasso.
O PPS -ao lado de PDT e PTB, que formam a Frente Trabalhista- também fez sua convenção ontem, com a presença de Ciro, e, apesar de ser impedido pela verticalização de fazer uma coligação formal com o PSDB local, fechou uma aliança branca, tendo a ex-mulher de Ciro, Patrícia Gomes (PPS), como candidata ao Senado ao lado de Tasso. O candidato ao governo do Estado apoiado pelo PPS é o tucano Lúcio Alcântara.
Ciro chegou a cogitar ir à convenção do PSDB, mas desistiu no caminho e apenas deixou a ex-mulher e os três filhos na porta do Sebrae, local do evento tucano.
Antes disso, declarou voto em Tasso e Lúcio Alcântara -decisão que passa por cima da Frente Trabalhista, que terá dois candidatos ao governo, um do PDT, Pedro Albuquerque, e outra do PTB, Cláudia Brilhante.
Tasso foi direto ao ser questionado se não retribuiria o voto: "Serra". Ele disse, porém, que não irá falar mal de Ciro, como Serra tem feito. "Não há quem me faça falar mal do Ciro. É uma questão de educação política."
(KAMILA FERNANDES)


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