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Aumento não faz diferença, diz primo de Lula
RICARDO WESTIN
DA REPORTAGEM LOCAL
José Albero Ferreira, 57, é gari
em Garanhuns, cidade do agreste
de Pernambuco. Trabalha das 7h
às 17h e só tem folga nos domingos. Ganha um salário mínimo
por mês, dinheiro que sustenta
sete pessoas -ele, a mulher e os
cinco filhos.
No meio de tantas outras famílias no país que vivem com um salário mínimo, o caso de Bero, como é mais conhecido, chama a
atenção porque ele é primo do
presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Suas mães eram irmãs.
"Com esse salário, a situação é
difícil. Sempre fico devendo para
alguém no fim do mês. Tenho que
pagar aos pouquinhos", conta ele,
que estudou só até a quarta série
do ensino fundamental e trabalha
desde os 7 anos.
Para Bero, o aumento de R$ 20
que o presidente Lula deu ao salário mínimo por meio de uma medida provisória no mês passado
(passou de R$ 240 para R$ 260) e
que foi confirmado ontem pela
Câmara dos Deputados, "não faz
diferença". Diz que o reajuste não
ajuda nem a comprar a geladeira
que falta em casa.
Mesmo assim, ele não critica o
primo presidente por ter trabalhado para que o mínimo de R$
275 aprovado no Senado caísse na
Câmara para R$ 260.
"Lula está certo. Se aumentar
muito o salário num dia, os preços disparam no outro e a coisa fica mais difícil."
Bero varre ruas e capina terrenos baldios para uma empresa
contratada pela Prefeitura de Garanhuns. A mulher planta feijão e
mandioca nos fundos de casa. O
que ela colhe só é suficiente para a
família. Os cinco filhos estudam.
A família mora na zona rural de
Jucati, município vizinho de Garanhuns.
O pernambucano diz que nunca
se aproveitou do fato de ser primo
do presidente da República para
buscar algum tipo de privilégio,
mas que agora pensa em escrever
uma carta pedindo ajuda a Lula:
"Vou dizer que preciso de um trabalho que pague pelo menos dois
salários mínimos. A vida iria melhorar muito".
Segundo outros parentes, há
mais familiares de Lula que recebem um salário mínimo e até gente sem emprego. "Quem ganha
salário mínimo aqui é privilegiado", diz o primo João Florêncio
de Mello, o João de Doca.
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