São Paulo, quarta-feira, 24 de junho de 2009

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Justiça abre processo contra diretores da Camargo Corrêa

Doleiros também são acusados de prática de crimes financeiros; dois deles foram presos

Juiz acolheu denúncia da Procuradoria que apontou terem sido movimentados de maneira ilegal pelos acusados US$ 30 milhões

FLÁVIO FERREIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

A Justiça abriu processo criminal contra quatro diretores da construtora Camargo Corrêa e contra doleiros acusados de prática de crimes financeiros investigados na Operação Castelo de Areia da Polícia Federal. Dois dos réus da ação penal foram presos ontem.
Jadair Fernandes de Almeida, apontado como doleiro da quadrilha investigada, e Raimundo Antônio de Oliveira, suposto testa de ferro de Jadair, foram detidos pela Polícia Federal no Rio de Janeiro.
Segundo o Ministério Público Federal, as prisões preventivas foram pedidas porque "ambos tentaram ocultar da Justiça valores que podem ser objetos das operações financeiras ilegais entre a empresa do doleiro e os diretores da Camargo Corrêa investigados".
Para a Procuradoria, as detenções foram necessárias depois que o Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) apurou que Oliveira tentou sacar R$ 370 mil da conta bancária de uma empresa supostamente utilizada no esquema criminoso, que de fato era controlada por Almeida.
A ação penal foi iniciada pelo juiz Fausto De Sanctis, titular da 6ª Vara Criminal Federal de São Paulo. De Sanctis acolheu denúncia do Ministério Público que apontou que os acusados movimentaram cerca de US$ 30 milhões de forma ilegal nos últimos anos.
Segundo a procuradora da República Karen Louise Jeanette Kahn, autora da denúncia, os réus tentaram maquiar remessas ilegais de valores entre a Camargo Corrêa e mais quatro empresas-duas delas estrangeiras- por meio de uma operação simulada de importação de software (programas para computadores).
Os executivos da Camargo Corrêa Pietro Francesco Giavina Bianchi, Dárcio Brunato e Fernando Dias Gomes passaram a ser réus pelos crimes de fraude contra o sistema financeiro, evasão de divisas, lavagem de dinheiro e quadrilha.
Ainda da Camargo Corrêa, o diretor Raggi Badra Neto e as secretárias Marisa Berti Iaquinto foram acusados pela prática de evasão de divisas e formação de quadrilha.
Além dos detidos ontem, o suíço Kurt Paul Pickel, José Diney Matos e Maristela Sum Doherty são apontados na ação penal como doleiros integrantes do esquema ilegal. O empresário Girolano Santoro é réu por fraude financeira, evasão e formação de quadrilha.
Além da ação penal relativa a crimes financeiros, a Operação Castelo de Areia ainda tem outros desdobramentos.
O Ministério Público também já apresentou à Justiça denúncia contra diretores da Camargo e da construtora Andrade Gutierrez pela suposta fraude à licitação para a construção do metrô de Salvador. As provas do crime foram encontradas nas investigações da Castelo, diz a Procuradoria.
O inquérito sobre o caso ainda está aberto para apurar supostos superfaturamentos de obras públicas e doações ilegais a partidos políticos e candidatos eventualmente realizados pela Camargo Corrêa. Também estão sendo investigadas relações entre os réus e membros da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo).


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