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Justiça abre processo contra diretores da Camargo Corrêa
Doleiros também são acusados de prática de crimes financeiros; dois deles foram presos
Juiz acolheu denúncia da Procuradoria que apontou terem sido movimentados de maneira ilegal pelos acusados US$ 30 milhões
FLÁVIO FERREIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
A Justiça abriu processo criminal contra quatro diretores
da construtora Camargo Corrêa e contra doleiros acusados
de prática de crimes financeiros investigados na Operação
Castelo de Areia da Polícia Federal. Dois dos réus da ação penal foram presos ontem.
Jadair Fernandes de Almeida, apontado como doleiro da
quadrilha investigada, e Raimundo Antônio de Oliveira, suposto testa de ferro de Jadair,
foram detidos pela Polícia Federal no Rio de Janeiro.
Segundo o Ministério Público Federal, as prisões preventivas foram pedidas porque "ambos tentaram ocultar da Justiça
valores que podem ser objetos
das operações financeiras ilegais entre a empresa do doleiro
e os diretores da Camargo Corrêa investigados".
Para a Procuradoria, as detenções foram necessárias depois que o Coaf (Conselho de
Controle de Atividades Financeiras) apurou que Oliveira
tentou sacar R$ 370 mil da conta bancária de uma empresa supostamente utilizada no esquema criminoso, que de fato era
controlada por Almeida.
A ação penal foi iniciada pelo
juiz Fausto De Sanctis, titular
da 6ª Vara Criminal Federal de
São Paulo. De Sanctis acolheu
denúncia do Ministério Público que apontou que os acusados movimentaram cerca de
US$ 30 milhões de forma ilegal
nos últimos anos.
Segundo a procuradora da
República Karen Louise Jeanette Kahn, autora da denúncia, os réus tentaram maquiar
remessas ilegais de valores entre a Camargo Corrêa e mais
quatro empresas-duas delas
estrangeiras- por meio de uma
operação simulada de importação de software (programas para computadores).
Os executivos da Camargo
Corrêa Pietro Francesco Giavina Bianchi, Dárcio Brunato e
Fernando Dias Gomes passaram a ser réus pelos crimes de
fraude contra o sistema financeiro, evasão de divisas, lavagem de dinheiro e quadrilha.
Ainda da Camargo Corrêa, o
diretor Raggi Badra Neto e as
secretárias Marisa Berti Iaquinto foram acusados pela
prática de evasão de divisas e
formação de quadrilha.
Além dos detidos ontem, o
suíço Kurt Paul Pickel, José Diney Matos e Maristela Sum Doherty são apontados na ação
penal como doleiros integrantes do esquema ilegal. O empresário Girolano Santoro é réu
por fraude financeira, evasão e
formação de quadrilha.
Além da ação penal relativa a
crimes financeiros, a Operação
Castelo de Areia ainda tem outros desdobramentos.
O Ministério Público também já apresentou à Justiça denúncia contra diretores da Camargo e da construtora Andrade Gutierrez pela suposta fraude à licitação para a construção
do metrô de Salvador. As provas do crime foram encontradas nas investigações da Castelo, diz a Procuradoria.
O inquérito sobre o caso ainda está aberto para apurar supostos superfaturamentos de
obras públicas e doações ilegais
a partidos políticos e candidatos eventualmente realizados
pela Camargo Corrêa. Também
estão sendo investigadas relações entre os réus e membros
da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo).
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