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PRIVATIZAÇÃO
Mendonça de Barros lança suspeita sobre vendas em Ribeirão e Londrina
Ministro acusa PT e PDT de
oferecer teles por preço "vil'
FERNANDO RODRIGUES
da Sucursal de Brasília
O ministro das Comunicações,
Luiz Carlos Mendonça de Barros,
atacou ontem duramente o PT e o
PDT em resposta às críticas recebidas nas últimas semanas sobre a
privatização das empresas do sistema Telebrás.
Para ele, prefeitos do PT e do
PDT venderam parte do controle
de empresas municipais de telecomunicações por preço "vil".
De acordo com números apresentados por Mendonça de Barros, a prefeitura petista de Ribeirão Preto (SP) e a pedetista de
Londrina (PR) venderam suas telefônicas por um preço que ficou,
proporcionalmente, abaixo do valor mínimo que o governo pedirá
no leilão de venda da Telesp.
A comparação feita por Mendonça de Barros usa o valor mínimo por linha telefônica instalada
(telefones fixos e celulares) que o
governo está exigindo na venda da
Telesp. Esse valor é de R$ 4.769.
Em Ribeirão Preto, em 96, o então prefeito e hoje presidente do
PT paulista, Antônio Palocci, vendeu 46,3% do capital da empresa
local de telefones, a Ceterp. Cobrou R$ 10,10 por lote de mil
ações.
Pelas contas do Ministério das
Comunicações, o preço de Palocci
equivale a R$ 784 por linha instalada da Ceterp. Ou seja, 16,4% daquilo que o governo pede como
preço mínimo por linha telefônica
da Telesp.
"Eu não costumo fazer ilações
ou comentários. Mas, se vocês forem ver, a venda foi em 96, ano de
eleição. Ele (Palocci) tentava eleger o seu sucessor", disse o ministro. O petista não emplacou seu
candidato, perdendo para o PSDB.
Indagado se estava sugerindo
que o petista teria usado o processo de venda da Ceterp para fazer
caixa-dois durante a campanha
eleitoral, Mendonça de Barros respondeu de forma evasiva: "Eu
não tenho essa leviandade. Estou
querendo empatar o jogo. Estou
querendo trazer fatos".
No caso de Londrina, a diferença
de preço em relação à Telesp foi
menor, segundo o ministro.
O prefeito de Londrina, Antonio
Belinatti (PDT), vendeu em abril
passado 45% das ações da Sercomtel numa operação em que o preço
da linha instalada da empresa saiu
por R$ 2.890. Isso equivale a
60,6% do preço mínimo exigido
pelo governo na Telesp.
Ataque preparado
Mendonça de Barros convocou a
imprensa ontem especialmente
para fazer essas declarações sobre
o PT e o PDT. Iniciou a entrevista
com uma exposição de uma hora
sobre a venda da Telebrás, sem
acrescentar nada de novo em relação ao divulgado até agora. Mas
deu um aviso: "Vou guardar um
fato político de extraordinária importância para o final".
O único ataque pessoal foi contra Leonel Brizola, presidente do
PDT. "É mentiroso", disse o ministro, que continua irritado com
as acusações do pedetista -que
considera baixo o preço mínimo
da Telebrás.
A maior crítica, entretanto, foi
desferida contra o PT. "Como é
que um partido pode fazer as acusações que faz contra o preço fixado para a Telesp? Um membro da
cúpula desse partido vendeu as
ações de uma empresa de telecomunicações -com um preço vil,
também num ano de eleição-
por 16% do preço mínimo da Telesp", afirmou o ministro.
Inflamado, Mendonça de Barros
chegou a lembrar o comportamento do seu antecessor nas Comunicações, Sérgio Motta, que
morreu em abril passado. Motta
sempre rechaçava com vigor qualquer crítica à sua gestão.
Depois de apresentar os dados
sobre Ribeirão Preto e Londrina, o
ministro disse que o PT "não tem
legitimidade" para criticar a venda
da Telebrás: "Eles ficam querendo fazer auditoria. Eu acho que
eles deveriam fazer auditoria na
Prefeitura de Ribeirão Preto".
Mendonça de Barros também
afirmou que a venda da Ceterp em
Ribeirão Preto teria sido ilegal:
"(Palocci) vendeu ilegalmente
porque as empresas que compraram esses 46% ganharam um direito de preferência no leilão de
privatização. E isso é ilegal pela lei
8.666, que regula as licitações".
Com suas acusações de ontem, o
ministro acredita que poderá
acuar o PT e o PDT. Hoje, ele vai à
Câmara para debater o processo
de venda da Telebrás.
"Me parece muito estranho que
os dois partidos (PT e PDT) que
lideraram esse processo de acusação contra o preço da Telebrás tenham nos seus quadros pessoas
importantes que tenham feito
vendas estranhíssimas."
Ele disse que a data do leilão da
Telebrás, 29 de julho, está mantida. Sobre a pesquisa Datafolha, divulgada domingo, revelando que
51% dos paulistanos se opõem à
privatização da estatal, disse que
isso não impedirá o governo de
continuar com o processo.
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