São Paulo, quarta, 24 de junho de 1998

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PRIVATIZAÇÃO
Compradora da telefônica de Londrina contesta ministro e diz que pagou ágio de 40% sobre o preço mínimo
Empresa pede prova de "vileza' na venda

ELVIRA LOBATO
da Sucursal do Rio

A afirmação do ministro das Comunicações, Luiz Carlos Mendonça de Barros, de que a Prefeitura de Londrina (PR) vendeu 45% do capital da telefônica Sercomtel por preço "vil" causou indignação na direção da empresa.
"É uma acusação grave, e espero que ele prove onde está a vileza", afirmou o presidente da telefônica, Rubens Pavan.
Segundo ele, as ações da Sercomtel foram vendidas com ágio de 40% sobre o preço mínimo sugerido pelos consultores. A Sercomtel foi avaliada entre R$ 270 milhões e R$ 310 milhões pelo consórcio liderado pelo grupo Brascan, que também liderou a avaliação da CRT (Companhia Riograndense de Telecomunicações), privatizada sexta passada.
A Copel (Companhia Paranaense de Energia Elétrica), do governo do Paraná, pagou R$ 186 milhões por 45% da companhia, que continua sob controle acionário do município. A venda direta, sem concorrência pública, foi fechada no dia 15 do mês passado.
A Sercomtel será a única companhia telefônica brasileira a permanecer sob controle público após a privatização do Sistema Telebrás. A prefeitura, administrada pelo PDT, decidiu manter a posse da empresa por entender que a telefônica é vital para atrair investimentos para o município.
Pavan diz que a Copel está instalando uma rede de fibra ótica em todo o Estado e obteve licença da Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) para oferecer transmissão de dados a clientes corporativos.
Quatro empresas independentes sobreviveram ao monopólio de 26 anos da Telebrás: CRT (do Rio Grande do Sul), Ceterp (de Ribeirão Preto, SP), Cia. de Telefones do Brasil Central (empresa privada, do Triângulo Mineiro) e a Sercomtel (de Londrina).

Ribeirão Preto
O presidente estadual do PT paulista e ex-prefeito de Ribeirão Preto, Antônio Palocci, disse ontem que Mendonça de Barros "se equivocou" ao criticar a abertura de capital da Ceterp em 95 e 96.
Ele disse ainda que o ministro "está se notabilizando por fazer bobagens na área". Palocci comandou a venda de 49% das ações da telefônica -46,3% na primeira negociação na Bolsa de Valores de São Paulo e o restante em vendas posteriores. De acordo com ele, no total, o negócio rendeu cerca de R$ 60 milhões à empresa.
Palocci disse que o ministro "comparou coisas incomparáveis". Mendonça de Barros comparou o valor de venda por terminal para a Ceterp, de R$ 783,79, com o da Telesp, de R$ 4.601.


Colaborou José Alberto Bombig, da Folha
Ribeirão


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