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BASE ALIADA
Ministro envia carta a líder do governo no Senado e esclarece declaração sobre gasto com ciência no Nordeste
Bresser diz ter sido "mal interpretado"
da Sucursal de Brasília
O ministro da Ciência e Tecnologia, Luiz Carlos Bresser Pereira,
atribuiu ontem a "critérios de excelência científica" -e não a preconceito contra nordestinos- o
fato de o governo federal ter um
gasto menor em ciência e tecnologia no Nordeste.
As declarações do ministro a
uma publicação da SPBC (Sociedade Brasileira para o Progresso da
Ciência) provocaram críticas no
meio científico.
Elas também geraram ainda uma
ameaça do líder do governo no Senado e presidente da CNI (Confederação Nacional da Indústria),
Fernando Bezerra (PMDB-RN), de
se afastar do Conselho Nacional de
Ciência e Tecnologia.
O conselho é um órgão presidido
pelo presidente da República,
composto por vários ministros de
Estado e encarregado de definir diretrizes para a política de ciência e
tecnologia no país, que tem como
uma das prioridades reduzir os desequilíbrios regionais.
Por sua repercussão negativa, as
declarações supostamente "antinordestinas" de Bresser quase se
transformaram em mais uma crise
política no governo.
Em carta a Bezerra, o ministro
disse que foi "mal interpretado":
"Jamais disse que garantir apoio a
pesquisadores do Nordeste seria
jogar dinheiro fora, ou tirar dos
competentes para dar aos incompetentes", escreveu o ministro.
Sem mudanças
Na carta, Bresser insiste em que o
fato de o Nordeste receber menos
bolsas de pesquisa não é um problema que possa ser resolvido mediante o estabelecimento de quotas para cada região do país.
O Nordeste recebe atualmente
14% das bolsas distribuídas pelo
Ministério da Ciência e Tecnologia, embora detenha 28,5% da população do país.
Em nota distribuída a pesquisadores nordestinos, o ministro reconhece o problema e explica sua
causa: a desproporção deve-se, segundo Bresser, ao fato de o governo distribuir as bolsas "de acordo
com a qualidade dos projetos"
apresentados pelos pesquisadores.
A qualidade dos projetos é julgada por comitês integrados por
cientistas, inclusive nordestinos,
insistiu o ministro.
Mudar o sistema atualmente em
vigor, disse Bresser, seria empregar mal o dinheiro público: "A solução mais geral é conhecida por
todos nós. É desenvolver mais o
Nordeste, realizar investimentos
maciços em educação".
Bresser sustenta que o investimento em bolsas de estudo e pesquisa no Nordeste cresceu 10%
desde o início do governo Fernando Henrique Cardoso.
Nesse mesmo período, caíram os
investimentos feitos no Sudeste
(29%) e no Sul (17%).
"Algumas pessoas têm dito que
sou elitista, que manifestei preconceito em relação ao Nordeste. Nada mais longe de mim do que isso",
afirmou o ministro no pedido de
desculpas ao líder do governo no
Senado. Diante dos esclarecimentos de Bresser, Fernando Bezerra
permanecerá no conselho.
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