São Paulo, Quinta-feira, 24 de Junho de 1999
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GOVERNO
Ministro sugere que diretor-geral e superintendentes fiquem no cargo dois anos, renováveis por mais dois
Calheiros defende mandato para a PF

ABNOR GONDIM
da Sucursal de Brasília

O ministro Renan Calheiros (Justiça) irá propor ao presidente Fernando Henrique Cardoso a criação de mandato de dois anos, renovável por igual período, para o diretor-geral e os 27 superintendentes regionais da Polícia Federal.
A medida, se aprovada pelo presidente, deverá atingir o novo diretor-geral da PF, Agílio Monteiro Filho, que toma posse hoje. Segundo o ministro, o objetivo da proposta é eliminar a formação de grupos na instituição por causa da permanência dos dirigentes por tempo indefinido.
Monteiro Filho irá substituir o delegado João Batista Campelo, que pediu demissão sexta-feira passada, três dias depois de tomar posse. Ele foi pressionado a sair depois que o ex-padre José Antônio Monteiro o acusou de ter comandado sessão de tortura contra ele em 1970.
O novo diretor irá assumir também com a missão de reaproximar a PF da Senad (Secretaria Nacional Antidrogas). Ontem, Calheiros se encontrou com o general Alberto Cardoso (Casa Militar), que criou a Senad em 98.
Amanhã, Monteiro Filho, Calheiros, Cardoso e o secretário nacional antidrogas, Wálter Maierovitch, devem se encontrar pela primeira vez em cerimônia de queima de 20 toneladas de drogas em Campo Grande (MS).
Para o ministro, a principal tarefa de Monteiro Filho será enfrentar os grupos que disputam o poder na PF. "O novo diretor está acima dos grupos e irá assumir com carta branca para fazer as alterações que julgar necessárias na cúpula da PF", disse Calheiros.
Um dos grupos que disputam o poder na PF tem vinculações com o senador Romeu Tuma (PFL-SP), que dirigiu o órgão durante seis anos, de 1986 a 1992.
O ex-chefe da DRE (Divisão de Repressão a Entorpecentes) Marco Antônio Cavaleiro, atual assessor de Tuma, é apontado pelo ex-diretor-geral da PF Vicente Chelotti como responsável pelo grampo instalado no próprio órgão que gravou conversas suas e contribuiu para sua exoneração em março passado. Cavaleiro nega.
Outra missão dada pelo ministro ao novo diretor da PF será estabelecer diálogo com o presidente da Federação Nacional dos Policiais Federais, Jorge Venerando.
O líder sindical classificou a escolha como uma continuidade da administração de Chelotti. Monteiro Filho era superintendente da PF em Minas Gerais desde 1994 e foi mantido por Chelotti.
Calheiros encomendou um estudo para apontar ao Palácio do Planalto as vantagens da proposta de criação de mandato para o diretor-geral e os superintendentes.
Em abril do ano passado, o ministro recebeu do presidente um sinal favorável à idéia de mandato para o diretor-geral e os superintendentes da PF.
Três meses depois disso, Calheiros obteve de FHC o decreto presidencial 2.685, que estabeleceu o mandato de três anos para o cargo de corregedor-geral da PF, ocupado por Arthur Lobo Filho.
Essa medida foi motivada pelas denúncias feitas por procuradores da República em São Paulo e no Rio de Janeiro. Eles elaboraram lista de 143 policiais federais acusados em processos disciplinares e judiciais de praticar crimes.
A assessoria do Planalto sugeriu ao ministro que a criação de mandato para diretor-geral e superintendentes da PF conste da MP (medida provisória) criada há um ano para sanear a PF. A medida, que afastou cerca de 50 policiais acusados de irregularidades, seria reeditada com essas alterações.


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