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PT "limpou" programa
de ideologia, diz estudo
LIEGE ALBUQUERQUE
DA REPORTAGEM LOCAL
O quarto programa de governo
do PT para a Presidência, desde a
estréia de Luiz Inácio Lula da Silva
em 1989, chegou ao ápice da desideologização do discurso do partido. Não cita nem sequer uma
vez a palavra socialismo, palavra
de ordem no primeiro programa,
de 1989, e citada já poucas vezes
no de 1994 e 1998.
"O programa de 2002 é claramente da defesa de um capitalismo humanizado", afirmou o sociólogo Oswaldo Amaral, que defenderá na PUC-SP, no final de
agosto, a monografia de mestrado
"As Mudanças no PT: Um Estudo
dos Programas de Governo de
1989 e 1998".
Um trecho curioso encontrado
no programa de 1989 certamente
daria mais calafrios no mercado
do que a frase "ruptura do atual
modelo econômico" das diretrizes de 2002, que foi banida do
programa lançado ontem.
O trecho: "Não se salva uma árvore cortando os frutos amargos.
É preciso vir às causas, à raiz da
árvore. Dentro do sistema capitalista, estamos condenados a ser
uma nação periférica e marginal,
fornecedora de mão-de-obra barata (...) de juros aos banqueiros
internacionais (...). Só através do
socialismo haverá condições de
deter a sangria dos recursos impostos ao Brasil pelos países ricos."
Em entrevista ao sociólogo, o
diretor do Instituto de Cidadania
(responsável pelo programa
atual), Paulo Vannuchi, justificou
a fuga das "ideologias de berço"
do PT dizendo: "Na hora em que
você vai falar para milhões de brasileiros, você não pode ficar discutindo se vai ser capitalismo ou socialismo. Você tem de dizer é que
vai ter escola, sapato etc."
Para Amaral, essa "flexibilização ideológica" conquistada pelo
PT ao longo dos últimos 22 anos
de existência- traduzida nos
programas- é baseada em uma
ampliação da base eleitoral e das
experiências administrativas do
partido
A monografia tem 130 páginas e
faz ainda paralelo do programa de
governo do PT em 1998 com o
programa tucano da reeleição de
Fernando Henrique Cardoso.
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