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Lobby norte-americano buscou
"energizar" autoridades brasileiras
DE WASHINGTON
Os EUA empregaram desde o
presidente Bill Clinton à mais modesta diplomata do consulado no
Rio para vencer o Sivam em 1994 e
impedir que diversos escândalos
enterrassem o projeto até sua assinatura definitiva, em 14 de março de 1997.
Nesse período, executivos da
Raytheon e autoridades do Departamento de Comércio dos
EUA reclamaram da lentidão do
governo Fernando Henrique Cardoso e do Congresso brasileiro.
Enquanto isso, pressionavam o
presidente FHC, ministros e congressistas para manter o projeto
vivo. Segundo visão recorrente
dos americanos, instituições brasileiras precisavam ser "energizadas" para saírem do lugar.
As pressões começaram em
1994, ano em que se iniciou o processo de seleção da empresa fornecedora do sistema. A pedido da
Raytheon, viajaram ao Brasil para
tratar do assunto o ex-secretário
de Comércio dos EUA Ron
Brown (morto num acidente aéreo na Croácia em 1996) e Jeffrey
Garden, subsecretário para comércio internacional. Além disso,
o presidente Clinton enviou cartas ao presidente Itamar Franco e
a lideranças no Congresso.
Suspensão do contrato
O maior problema para os americanos surgiu em maio de 1995,
quando a empresa brasileira Esca
foi removida do contrato devido à
constatação de que fraudara certidões do INSS. A Esca acabou sendo removida e, em virtude disso, a
assinatura do contrato foi suspensa pelo governo brasileiro, que cogitou a extinção do contrato.
No dia 11 de julho de 1995, a diplomata Da-Jalane Pribyl enviou
um ofício ao cônsul dos EUA no
Rio relatando esforços da Raytheon para evitar a morte do Sivam. Entre esses esforços estava a
visita ao Palácio do Planalto de
Thomas McLarty, enviado especial de Clinton para a América Latina. "Infelizmente, leva esse nível
de esforço para manter as coisas
andando dentro do governo brasileiro", disse Ernest Jackson, executivo da Raytheon, em 14 de julho de 1995, referindo-se à visita.
Num e-mail datado do dia 11 de
julho de 1995, a diplomata norte-americana Dar-Jalane Pribyl relata da seguinte maneira a presença
de executivos da Raytheon em
Brasília.
"Atualização do Sivam: nenhuma negativa no governo brasileiro. Raytheon tem hoje três executivos corporativos em Brasília só
para "energizar" o ministro da
Aeronáutica e o secretário (ministro de Assuntos Estratégicos).
Eles estarão amanhã no Rio e eu
me encontrarei com eles também.
Do nosso lado, está tudo OK", diz
Dar-Jalane Pribyl no e-mail.
(MARCIO AITH)
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