FERNANDA KRAKOVICS
DA AGÊNCIA FOLHA

O ex-superintendente da Polícia Rodoviária Federal do Espírito Santo, João Adilson Scalfoni, afirmou ontem que esperava ser afastado da missão especial que atua no Estado, mas não a exoneração do cargo de superintendente.
O ministro da Justiça, Paulo de Tarso Ribeiro, exonerou Scalfoni anteontem, depois da Agência Folha revelar que o policial foi filiado à Scuderie Detetive Le Cocq, organização acusada de ser o braço armado do crime organizado no Estado.
Scalfoni pertencia à cúpula da missão especial convocada pelo governo federal para combater o crime organizado no Estado do Espírito Santo.
O grupo foi formado após o arquivamento do pedido de intervenção federal no Estado.
"Não há fato nenhum que comprove ligação minha com o crime organizado. Fui retirado do cargo sem direito de defesa, mas não estou aqui para discutir isso, e sim para cumprir determinação superior", disse o ex-superintendente.
Para o procurador da República Ronaldo Albo, integrante da missão especial, Scalfoni foi desonesto ao não comunicar aos demais integrantes do grupo já ter sido filiado à Le Cocq.
"Ele agiu de má-fé. Se ele realmente achava que ter sido filiado à organização não deporia contra ele, não há motivo para ter omitido isso", disse Albo.
Albo ressaltou, porém, que não tem conhecimento de nada que desabone a conduta do policial. "Nem todas as pessoas que já foram filiadas à Scuderie têm ligação com o crime organizado", ponderou Albo.
Para o lugar de Scalfoni foi nomeado Faride Sipauba, que era o superintendente no Estado do Tocantins. Scalfoni continua na Polícia Rodoviária Federal mas como policial de carreira, atuando na fiscalização e policiamento das estradas.
O ministro da Justiça e o secretário de Estado dos Direitos Humanos, Paulo Sérgio Pinheiro, estão hoje no Espírito Santo. Além de se reunirem com os integrantes da missão especial, eles terão um encontro com o governador do Estado José Ignácio Ferreira (PTN).


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