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ONG é suspeita de fraude em contrato com secretaria
Entidade é apontada na Operação Aquarela como pivô de esquema de desvio de R$ 50 mi
Secretaria das Mulheres, ligada a Planalto, suspeita que valores de projeto no
DF foram superfaturados; dono da Caminhar nega
ANDRÉA MICHAEL
RANIER BRAGON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Apontada pelo Ministério
Público e pela Polícia Civil do
Distrito Federal como a cabeça
de um esquema que pode ter
desviado mais de R$ 50 milhões de dinheiro público, a
ONG Caminhar é suspeita de
ter fraudado um contrato de
R$ 100 mil com a Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres, da Presidência.
Firmado no final de 2006, o
contrato previa a capacitação,
pela ONG, de mulheres da cooperativa de catadores de lixo
100 Dimensão, que reúne cerca
de 200 famílias de cidades-satélites de Brasília. Elas passariam por cursos para desenvolver artesanato com lacres de latas de alumínio.
Em depoimento à polícia e ao
Ministério Público, a ex-funcionária da ONG Jeovana
Drazdauskas Silva disse que a
Caminhar foi contratada por
um órgão da Presidência para
realizar "oficina de latinhas,
para fazer bolsas e cintos".
"Ao que sabe, esse projeto
não foi executado, mas a nota
fiscal foi emitida", diz a transcrição de seu depoimento, ao
qual a Folha teve acesso.
Em 14 de junho, as autoridades do Distrito Federal deflagraram a Operação Aquarela,
que resultou em mais de 20
mandados de prisão contra
acusados de desviar recursos
do BRB (Banco de Brasília). A
ONG Caminhar estaria no centro do esquema ao receber verba pública por serviços fantasmas e devolver parte do dinheiro a funcionários públicos por
meio de cartões corporativos.
Após o estouro do escândalo,
a Secretaria das Mulheres consultou o órgão de Controle Interno da Presidência da República para saber que medidas
tomar em relação ao projeto.
Orientados, fiscais da secretaria foram checar o contrato.
Na sede da ONG Caminhar,
eles encontraram as portas fechadas. Daí, foram à associação
de catadores de lixo, no Riacho
Fundo 2, entorno de Brasília.
Segundo a assessoria da secretaria, os fiscais constataram
que as mulheres foram capacitadas, mas "manifestaram
preocupação" com a possibilidade de que tenha havido irregularidades no contrato, tais
como superfaturamento dos
custos da ONG -isso só poderá
ser comprovado com a apresentação até amanhã da prestação de contas da Caminhar.
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