São Paulo, terça-feira, 24 de julho de 2007

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ONG é suspeita de fraude em contrato com secretaria

Entidade é apontada na Operação Aquarela como pivô de esquema de desvio de R$ 50 mi

Secretaria das Mulheres, ligada a Planalto, suspeita que valores de projeto no DF foram superfaturados; dono da Caminhar nega

ANDRÉA MICHAEL
RANIER BRAGON

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Apontada pelo Ministério Público e pela Polícia Civil do Distrito Federal como a cabeça de um esquema que pode ter desviado mais de R$ 50 milhões de dinheiro público, a ONG Caminhar é suspeita de ter fraudado um contrato de R$ 100 mil com a Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres, da Presidência.
Firmado no final de 2006, o contrato previa a capacitação, pela ONG, de mulheres da cooperativa de catadores de lixo 100 Dimensão, que reúne cerca de 200 famílias de cidades-satélites de Brasília. Elas passariam por cursos para desenvolver artesanato com lacres de latas de alumínio.
Em depoimento à polícia e ao Ministério Público, a ex-funcionária da ONG Jeovana Drazdauskas Silva disse que a Caminhar foi contratada por um órgão da Presidência para realizar "oficina de latinhas, para fazer bolsas e cintos".
"Ao que sabe, esse projeto não foi executado, mas a nota fiscal foi emitida", diz a transcrição de seu depoimento, ao qual a Folha teve acesso.
Em 14 de junho, as autoridades do Distrito Federal deflagraram a Operação Aquarela, que resultou em mais de 20 mandados de prisão contra acusados de desviar recursos do BRB (Banco de Brasília). A ONG Caminhar estaria no centro do esquema ao receber verba pública por serviços fantasmas e devolver parte do dinheiro a funcionários públicos por meio de cartões corporativos.
Após o estouro do escândalo, a Secretaria das Mulheres consultou o órgão de Controle Interno da Presidência da República para saber que medidas tomar em relação ao projeto. Orientados, fiscais da secretaria foram checar o contrato.
Na sede da ONG Caminhar, eles encontraram as portas fechadas. Daí, foram à associação de catadores de lixo, no Riacho Fundo 2, entorno de Brasília.
Segundo a assessoria da secretaria, os fiscais constataram que as mulheres foram capacitadas, mas "manifestaram preocupação" com a possibilidade de que tenha havido irregularidades no contrato, tais como superfaturamento dos custos da ONG -isso só poderá ser comprovado com a apresentação até amanhã da prestação de contas da Caminhar.


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