São Paulo, quinta-feira, 24 de julho de 2008

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JANIO DE FREITAS

Remédio urgente


A retirada do mercado do antiinflamatório Prexige em tantos países nada disse que o Brasil entendesse?

O GOVERNO está devendo providências que resguardem a população dos efeitos maléficos a que fica exposta, em conseqüência da costumeira e inexplicada demora para que remédios e substâncias, mesmo que já proibidos no exterior, sejam aqui retirados do mercado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária, a Anvisa. Quando são afinal retirados.
O antiinflamatório Prexige 100mg, agora vetado pela Anvisa, há tempos teve sua venda sucessivamente proibida pelo mundo afora, a começar de Estados Unidos e Europa. Só lhe resta a tolerância de meia dúzia de países que não servem de exemplo.
Estatísticas da própria Anvisa, no entanto, apesar de precárias porque nem todos os casos de efeitos medicamentosos negativos chegam a registro, denunciam que mais de um terço dos efeitos prejudiciais do Prexige, no mundo, veio ocorrendo no Brasil. Registrados, foram aqui 1.265 casos. A relação, aqui, entre o aumento das vítimas de efeitos perigosos e o aumento das vendas do remédio é gritante. Janeiro de 2007: 16 notificações; apenas oito meses depois, agosto, aumento de quase seis vezes: 93 notificações; outros oito meses, abril de 2008: 211 casos comunicados.
Seria preciso chegar a mais de mil evidências de efeitos negativos para uma providência em defesa dos necessitados de antiinflamatório? A evolução das notificações não teve eloqüência bastante para exprimir um alerta urgente? E a retirada do remédio em tantos países dotados de melhores recursos de análise farmacológica, fiscalização e estatísticas nada disse, também, que o Brasil entendesse?
O poder dos laboratórios é imenso, aqui. Formado a partir da entrada em larga escala, durante a ditadura, de laboratórios estrangeiros e seus métodos de fazer "política industrial" nos países secundários ou menos.

Histórico
O advogado Luiz Eduardo Greenhalgh está batendo na trave há muito tempo.
Ainda quando Luiza Erundina era prefeita de São Paulo, Greenhalgh, segunda figura na administração, foi personagem central de uma denúncia de extorsão. Erundina, verificado o episódio sem dificuldade, decidiu demiti-lo, mas foi impedida pelo PT, Lula à frente. A prefeita não permitiu mais que Greenhalgh tivesse tarefa alguma, nem ao menos lhe dirigia a palavra.
Por ocasião do assassinato de Celso Daniel, prefeito de Santo André, Greenhalgh faz apressada penetração no caso, com a qual proporcionou numerosas aparências de não ter como objetivo o esclarecimento do crime e seu motivo. Foi um caso com muitos indícios de extorsões e corrupção.
No círculo central de atingidos, ou já atingidos, pela tal Operação Satiagraha, lá está Luiz Eduardo Greenhalgh, em variados papéis, para dizer o mínimo, de duvidosos métodos e finalidades. Desta vez, a bola bate na trave, mas parece fazê-lo pelo lado de dentro.

Ponto de partida
O serviço que a Associação dos Magistrados Brasileiros presta ao eleitores é inegável, ao iniciar a divulgação de candidatos sob processos criminais. O critério de só considerar processos originários do Ministério Público e ações por improbidade elimina, contra as críticas, o risco de queixas judiciais por iniciativa de adversários ou pendengas particulares. Que venham, também, as listas dos candidatos a vereador, ainda mais necessárias. Como ponto de partida de um novo costume eleitoral.


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