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PF investiga fazendeiros ligados a Dantas
Polícia pede novo inquérito sobre clientes de agropecuária do Opportunity para apurar se eles usaram a empresa para crimes
Governo do Pará estuda entrar com mais ações para que a Agropecuária Santa Bárbara Xinguara devolva propriedades para o Estado
FLÁVIO FERREIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
A Polícia Federal pediu à
Justiça a abertura de novo inquérito na Operação Satiagraha, no Pará, para investigar
clientes e terceiros ligados à
Agropecuária Santa Bárbara
Xinguara, braço agropecuário
do Opportunity, além de aprofundar investigações sobre o
uso da empresa rural por Daniel Dantas para a suposta prática de crimes financeiros.
Para a PF, as apurações da
Operação Satiagraha já reuniram provas suficientes de que
grande parte das propriedades
e do gado da agropecuária teve
origem em operações ilícitas.
Agora, o objetivo do novo inquérito, pedido pelo delegado
Ricardo Saadi, chefe da Delegacia de Combate a Crimes Financeiros da Superintendência
da PF em São Paulo, é descobrir
ilegalidades nas operações comerciais da Santa Bárbara Xingura com terceiros.
Entre os alvos das novas apurações estão fazendeiros locais
que podem ter se aproveitado
de um suposto esquema de lavagem de dinheiro. As fazendas
no Pará concentram a maior
parte da criação de gado da empresa rural. Ao todo, a Santa
Bárbara Xinguara possui 500
mil hectares.
O pedido de abertura de investigação será avaliado pelo
juiz Fausto De Sanctis. Carlos
Rodenburg, administrador da
agropecuária e ex-cunhado de
Dantas, será alvo de outro inquérito já autorizado pelo juiz,
relativo a crimes financeiros.
A defesa da agropecuária
apresentou ontem a De Sanctis
um pedido de liberação de 425
mil cabeças de gado- rebanho
da empresa em junho. No dia
16, após pedido de Saadi, o juiz
determinou o sequestro dos
animais e das fazendas da Santa
Bárbara Xinguara. Segundo a
defesa, a comercialização do
gado é essencial à atividade
econômica da empresa.
Devolução
O governo do Pará estuda entrar com novas ações pedindo a
devolução ao Estado de fazendas compradas pela agropecuária. Em setembro, a gestão de
Ana Júlia Carepa (PT) já tinha
feito o mesmo pedido em relação a duas propriedades da empresa na região de Marabá.
As novas ações devem seguir
a mesma argumentação daquela, segundo a qual a Santa Bárbara adquiriu terras "aforadas"
-áreas estaduais cedidas para
colonização e extrativismo vegetal, no caso, de castanhas.
São ao menos cinco propriedades da empresa nesta situação, contando com as que já foram contestadas. Elas foram
adquiridas pela Santa Bárbara a
partir de 2005, por um valor total R$ 53,7 milhões, e somam
cerca de 23,5 mil hectares.
Colaborou JOÃO CARLOS MAGALHÃES, da Agência Folha, em Belém
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