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NA TV
Lógica eleitoral trabalha para que tudo continue igual
FERNANDO DE BARROS E SILVA
EDITOR DO PAINEL
Apesar de Pitta e sua camarilha, nada ou muito pouco deve mudar na composição e nos
costumes da Câmara Municipal
de São Paulo depois de outubro.
Apesar de todos os esforços, meritórios, pelo "voto consciente", seja
lá o que isso signifique, a lógica
eleitoral trabalha a favor da inércia, para que tudo continue como
antes. Nunca, na história de São
Paulo, a eleição para vereadores
esteve cercada de tanta visibilidade, mas, mesmo entre a elite letrada e informada, deve-se duvidar
que cada pessoa saiba citar de cor
o nome de mais de dois ou três
candidatos ou mesmo de atuais
ocupantes da Câmara Municipal.
O horário gratuito na TV reservado aos candidatos ao Legislativo é, na melhor das hipóteses, inócuo. Não serve para rigorosamente nada. Perde-se tempo e paciência diante de um espetáculo de tédio, desinformação e estupidez.
Há grande dose de humor involuntário na sisudez e seriedade
com que alguns notórios farsantes se apresentam aos telespectadores repetindo platitudes sobre
ética e moralidade.
Se há algo pedagógico nesses
programas é o fato de nos colocarem em contato com a miséria
daqueles que buscam uma vaga
onde supostamente deveriam formular políticas públicas e pensar
soluções para a cidade.
Não há, certamente, solução
simples para tornar a eleição a
vereador menos opaca do que é
hoje. A legislação, no entanto, tão
ciosa e atenta na hora de defender interesses contrariados de
candidatos, parece cega para o
problema estrutural da baixa representatividade democrática do
processo eleitoral. Há uma inversão de valores: a legislação deveria funcionar para defender o
eleitor dos candidatos e não o
contrário. Tal como existe hoje, a
campanha para vereadores na
TV não é muito diferente daquela
que era permitida sob a Lei Falcão. A quem interessa que as coisas se passem dessa maneira é um
problema a ser discutido.
É tão frustrante quanto previsível
o segundo cancelamento do debate entre os prefeituráveis na Rede
Bandeirantes. Pode-se pensar o
que quiser de Marcos Cintra (PL),
que obteve na Justiça a suspensão
do encontro, mas nesse ponto ele
está coberto de razão.
Fernando Collor (PRTB) pode
ser um prato cheio para atrair audiência, mas não há como justificar a presença no debate de um
candidato cujo partido é uma miragem sem representação no
Congresso e a ausência de outros,
cujas siglas têm assento na Câmara. É avacalhação democrática.
É muito ruim, porém, que a
pouco mais de um mês para a
eleição, a corrida eleitoral tenha
se restringido até agora ao horário gratuito na TV. Debates entre
os candidatos deveriam ser obrigatórios. Seria uma maneira de
minimizar o dano que a publicidade, uma vez que tomou conta
das campanhas políticas, impinge
à vida democrática.
A maior parte das promessas
que os atuais postulantes à prefeitura fazem não resiste ao confronto ou à inquirição jornalística. Também nesse aspecto a eleição paulistana vai se transformando num caso de polícia.
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