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RIO GRANDE DO SUL
Comissão apontou ilegalidade na compra de incineradores
Documentos da CPI do Lixo somem em Porto Alegre
LÉO GERCHMANN
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PORTO ALEGRE
Cinco caixotes contendo os documentos mais importantes de
uma CPI na Câmara de Porto Alegre aberta em 1990 que investigou
a compra de incineradores de lixo
desapareceram misteriosamente
do Legislativo.
A Prefeitura de Porto Alegre
comprou os equipamentos sem
licitação por cerca de US$ 150 mil
na época (71% pagos à vista), e
eles nunca foram utilizados.
O deputado estadual e ex-vereador Vieira da Cunha (PDT), que
presidiu a CPI, conta que a conclusão definia o ato como "ilegal"
e "imoral". O prefeito era o atual
governador Olívio Dutra (PT), e
Vieira foi relator da CPI da Segurança Pública na Assembléia gaúcha -que tratou de supostos vínculos do PT com bicheiros.
O vereador Antônio Hohfeldt
(PSDB) pediu à mesa diretora da
Câmara que seja esclarecido o paradeiro dos documentos. Até ontem, não havia respostas.
A última notícia que se tem deles é a de que o vereador Nereu
D'ávila (PDT) os pegou. D'ávila,
um tradicional adversário do PT,
diz, porém, que os devolveu.
Ervino Besson, vereador do
PDT que integrou a CPI, fala em
"abafamento" do caso. "Não sei
que desfecho teve esse caso, na
época. Foi abafado, não sei como,
mas foi abafado", disse.
O promotor da Promotoria de
Defesa do Patrimônio Público Alceu Moraes não localizou o processo no Ministério Público Estadual -seria o destino natural do
resultado dessa CPI.
O agrônomo Sebastião Pinheiro, que acompanhou todo o caso
na época, disse que denunciou o
caso e faria a mesma coisa hoje.
"Era um escândalo", conta.
Para Pinheiro, o caso, levado ao
Ministério Público, foi arquivado
há seis anos, sob a alegação de que
a compra não era ilícita. "Disseram não haver ilicitude porque
um decreto de calamidade justificava a compra, mas a ilicitude estaria no próprio decreto", diz.
A história da compra de trituradores ocorreu quando a prefeitura, por intermédio do DMLU (Departamento Municipal de Limpeza Urbana) contratou a empresa
paulista SPA (Sistema de Proteção Ambiental) para consultoria
na área de aterros sanitários. A
contratação ocorreu sem licitação, com pagamentos efetivados
durante quase dois anos.
Posteriormente, a SPA, por
meio de decreto de calamidade
pública, vendeu para a prefeitura
dois incineradores (um para 30
toneladas ao dia e outro para 20
toneladas ao dia) com verbas do
Ministério da Saúde, de hospitais,
da Secretaria da Saúde do Estado
e da Associação de Moradores de
Porto Alegre. Vereadores de oposição dizem que o representante
da empresa, Luiz Mário Queiroz
Lima, era vinculado ao PT.
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