São Paulo, sábado, 24 de agosto de 2002

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10 mil fazem "vigília" contra impugnação

DO ENVIADO ESPECIAL A RIO BRANCO

Com os rostos pintados, faixas pretas em torno do braço e na cabeça em sinal de luto e gritando ataques ao Judiciário acreano, cerca de 10 mil pessoas -ou 5% da população de Rio Branco, segundo avaliação da PM- concentraram-se ontem de manhã para uma "vigília" organizada pelo PT em frente à Assembléia Legislativa, no centro.
Os promotores da vigília esperam que ela só termine quando for revertida a impugnação. O governador Jorge Viana deveria chegar ao Acre às 23h30 (1h30 em Brasília) e iria direto para lá.
Nos discursos da manhã, chamamentos à mobilização da população intercalavam-se com pedidos de "tranquilidade".
"Estou pintada de vermelho para a guerra. Meu sangue é de indígena, é de guerrilheira", disse, ao microfone, a líder do PT na Assembléia, Naluh Gouveia. Um a um, ela citou nominalmente os nomes dos cinco juízes do TRE que votaram pela cassação de Jorge Viana e pediu à população reunida que "nunca mais dêem paz àqueles traidores".
Cartazes chamavam os juízes de "pilantras" e criticavam o "golpe" ou o "tapetão" da oposição. Um deles ironizava que, se a oposição vencer a eleição, o coronel PM Hildebrando Paschoal (ex-deputado, preso por envolvimento com crime organizado) será secretário de Segurança.
Muitos dos que falavam no palanque improvisado garantiam que Jorge Viana será empossado para novo mandato em janeiro.
O deputado Nilson Mourão lembrou que o Acre "já fez uma revolução antes", em referência ao centenário do movimento que garantiu a soberania do Brasil sobre o território, que era boliviano.
Já o líder do governo na Assembléia, Edvaldo Magalhães, pediu à população que proteja a vida do governador, que já foi ameaçado. "Vão querer, no desespero, tirar a vida do Jorge", afirmou.
A manifestação foi engrossada por funcionários públicos que deixaram suas repartições e por estudantes da rede pública. Segundo o governo, não houve determinação para que as atividades fossem suspensas. "Esta é uma manifestação espontânea, movida pela indignação popular", disse o senador Tião Viana.
De acordo com o senador, o PT tem pesquisas internas que dariam vitória ao governador com mais de 60% dos votos, contra 22% de Flaviano Melo (PMDB). (FÁBIO ZANINI)



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