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PFL reage e diz que não vota mais nada
FERNANDA KRAKOVICS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A inclusão, sem alarde, de um
artigo que beneficiou a Prefeitura
de São Paulo em uma medida
provisória aprovada pelo Senado
acirrou os ânimos na Casa. O PFL
promete impedir as votações nesta semana, em retaliação. O tema
mais importante na pauta é a reforma do Judiciário.
O dispositivo foi incluído pelo
relator da MP na Câmara dos Deputados, Hélio Esteves (PT-AP), e
votado tanto na Câmara quanto
no Senado. A MP, devido às alterações, virou um projeto de lei,
sancionado pelo presidente Luiz
Inácio Lula da Silva (PT).
Para a oposição, que votou o
texto sem perceber a alteração, o
artigo incluído é ininteligível: "Fica autorizada a alteração, por no
máximo duas vezes e respeitado o
mês de vencimento, da data de
exigibilidade da prestação dos
contratos celebrados ao amparo
da Medida Provisória número
2.185-35, de 24 de agosto de 2001,
e suas edições anteriores".
"Temos MPs para apreciar nesta semana. Por mais inocente que
sejam, temos a obrigação de nos
deter para não engolirmos gato
por lebre, para vigiarmos o padrão ético do governo. Fomos
usados", afirmou o líder do PFL,
senador José Agripino (RN).
"Não vejo condições de votar nada nesta semana", disse.
Segundo ele, a medida burla a
legislação que proíbe fazer convênios em período eleitoral. "Essa
MP significou um emendaço para
São Paulo", disse Agripino. Graças à operação, a Prefeitura de São
Paulo conseguiu honrar dívidas
com fornecedores acumuladas
desde junho.
O clima com o PSDB ficou ruim
depois que o PT entrou com representação contra o senador
Tasso Jereissati (PSDB-CE) no
Supremo Tribunal Federal, devido à declaração de Tasso segundo
a qual o projeto que cria as PPPs
(Parcerias Público-Privadas), se
não for alterado, "é roubalheira, é
para o [tesoureiro do PT] Delúbio
[Soares] deitar e rolar".
Para a líder do PT, senadora
Ideli Salvatti (SC), a oposição arranja pretextos para não votar os
projetos defendidos pelo governo. "A MP foi publicada no "Diário Oficial", que é público, e pode
até ter sido reivindicação da Marta [Suplicy], mas beneficia todos
os municípios", disse.
Para o líder do PFL, o benefício
concedido a São Paulo faz parte
do "Projeto Gabão" de permanência do PT no poder. "Esse projeto [Gabão] é decorrente do delírio mental do PT. Para eles, são favas contadas que Lula e Marta vão
se reeleger", disse o senador. A expressão deve-se à declaração do
presidente Lula, feita na semana
passada, de que teria ido ao Gabão para aprender "como ficar 37
anos no poder e ainda se candidatar à reeleição".
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