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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/CONEXÃO RIBEIRÃO
Empresa recebeu por serviços antes de outros fornecedores que já aguardavam quitação; prefeitura alegou risco para população
Palocci priorizou pagamentos para Leão Leão
ROGÉRIO PAGNAN
DA FOLHA RIBEIRÃO
RUBENS VALENTE
ENVIADO ESPECIAL A RIBEIRÃO
A empreiteira Leão Leão, acusada pelo advogado Rogério Tadeu
Buratti de pagar propina ao PT
por meio do então prefeito Antonio Palocci Filho, recebeu da Prefeitura de Ribeirão Preto, entre
2001 e 2002, um tratamento preferencial em relação a outros prestadores de serviço.
Pelo menos R$ 16,87 milhões foram pagos à empresa em quebra
de ordem cronológica, ou seja, ela
passou à frente de outros fornecedores que esperavam pagamentos. Foram 71 notas entre fevereiro de 2001 e dezembro de 2002, segundo levantamento feito no
"Diário Oficial" do município.
O Daerp (Departamento de
Água e Esgotos de Ribeirão Preto), responsável pelos pagamentos, não informou o valor total pago à Leão Leão nos dois anos da
segunda gestão de Palocci.
A justificativa da prefeitura, na
época, foi o risco de interrupção
dos serviços. "O não-pagamento
inviabilizaria os serviços prestados pela contratada, causando
prejuízos à população de Ribeirão
Preto, pois os referidos serviços
são essenciais e indispensáveis à
manutenção e bem-estar da cidade e seus cidadãos", diz trecho de
um dos atos da administração.
Pela versão que Buratti -ex-assessor de Palocci e ex-vice-presidente da Leão Leão- deu à polícia, a suposta propina tinha como
objetivo evitar atrasos de pagamentos que pudessem comprometer a empresa.
Na administração do tucano
Luiz Roberto Jábali, a empreiteira
enfrentou problemas para receber e ameaçou suspender os serviços na cidade. Em 1999, por exemplo, quando a prefeitura chegou a
dever R$ 6,5 milhões, a Leão
ameaçou demitir 350 funcionários e não trabalhar.
Outro lado
O ex-secretário de Governo na
segunda gestão do ministro Antonio Palocci na Prefeitura de Ribeirão Preto e atual diretor do Serpro
(Serviço Federal de Processamento de Dados), Donizeti Rosa, defendeu a legalidade dos contratos
e da quebra da ordem cronológica. Donizeti é marido da ex-superintendente do Daerp (Departamento de Água e Esgotos de Ribeirão Preto) Isabel Bordini, responsável por autorizar a quebra
da ordem cronológica.
Segundo Donizeti, os serviços
prestados pela Leão Leão eram essenciais. Outros serviços de emergência também teriam recebido o
mesmo tratamento, segundo ele.
O ex-secretário explicou que
Palocci, ao assumir a prefeitura, já
recebeu dois contratos emergenciais em andamento com a Leão
Leão. Segundo ele, o ex-prefeito
mandou preparar uma licitação
que só ficou pronta, devido às formalidades legais, em junho de
2001. A assinatura ocorreu em fevereiro de 2002. Nesse período,
diz Donizeti, a prefeitura teve que
realizar pagamentos emergenciais para não interromper o serviço de operação do aterro sanitário e o serviço de coleta e tratamento de lixo hospitalar.
A Leão Leão negou que tenha tido privilégios no recebimento dos
pagamentos e disse que fechou
2004 com um crédito na prefeitura de R$ 4,7 milhões.
Palocci nega ter recebido ou ter
autorizado alguém a receber a
mensalidade da Leão.
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