São Paulo, quarta-feira, 24 de agosto de 2005

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Vice no PT, Marta faz críticas indiretas a Tarso e defende política econômica

CATIA SEABRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Numa eterna batalha com o líder do Governo no Senado, Aloizio Mercadante (PT-SP), a ex-prefeita de São Paulo e vice-presidente do PT, Marta Suplicy (SP), divulgou ontem um artigo em que ataca os críticos da política econômica. Embora não cite nomes, seu alvo é claro: o presidente do PT, Tarso Genro (RS).
Sob o título "Defender o governo Lula, sua política econômica e social", o artigo lista os números positivos da economia e condena a atual direção do PT. "Tenho constatado que persistem no Partido dos Trabalhadores, nesta nova conjuntura, as mesmas orientações políticas que prevaleciam anteriormente e que levaram setores e dirigentes do PT a manifestar, por diversas vezes, sua oposição e distanciamento do governo e do presidente Lula, justamente na questão central das medidas econômicas e sociais que, com coragem e para bem do nosso país, o nosso presidente implementou desde sua posse", afirma.
Para concluir: "A função do PT não é de questionar continuamente esta política e sim de explicar como ela se insere no processo de mudanças que defendemos para o Brasil e que já obteve importantes conquistas, que constituem o alicerce do apoio popular ao nosso governo e por conseqüência ao PT".
Além da disputa interna com Mercadante - padrinho da candidatura de Tarso - a manifestação de Marta expressa uma insatisfação do Campo Majoritário, corrente que controla o partido, com seu presidente.
Na tendência, a aposta é que Tarso desista hoje de concorrer à presidência do PT, sendo substituído pelo secretário-geral do partido, Ricardo Berzoini. Só então o deputado José Dirceu (PT-SP) deixaria a chapa.
Coordenador da corrente e responsável pela chapa, Francisco Rocha, o Rochinha, disse que "não tem disposição de pedir para que Dirceu deixe a chapa".
"Ele [Tarso] que faça esse movimento de convencimento dessas pessoas", reagiu Rochinha, acrescentando: "Uma coisa é certa: a chapa terá presidente. O Tarso tem que avaliar o que é pior ou melhor para ele".
Entre os aliados de Marta, a queixa é a de que não foram consultados sobre a exigência de afastamento de integrantes da chapa do Campo Majoritário.
Segundo petistas, as restrições a Tarso contaminaram também o Palácio do Planalto. Além das reiteradas críticas à política econômica, integrantes do governo estariam incomodados com outras opiniões externadas por Tarso, que chegou a sugerir que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva atue como um estadista, deixando de se candidatar à reeleição. Outra proposta polêmica foi a de que Lula convocasse o Conselho da República.
No PT, o termo "refundação" também provoca reação mesmo entre os adeptos de sua candidatura, como o presidente estadual do PT, Paulo Frateschi (SP). "Atingiram nosso telhado, arrombaram nosso portão. Mas o alicerce é bom", argumenta.
Anteontem, Mercadante se reuniu com deputados e prefeitos petistas para pedir a saída de Dirceu da chapa do Campo Majoritário.


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