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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/CPI DOS CORREIOS
Ex-presidente de instituição ligada ao BB põe em Pizzolato culpa por gastos com publicidade
Banco não licitou contrato com firma ligada a Delúbio
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
ENVIADO ESPECIAL A BRASÍLIA
Em depoimento à CPI dos Correios, o ex-presidente do Banco
Popular Ivan Guimarães confirmou que a instituição contratou
sem licitação consultoria da empresa do concunhado do ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares
para a implantação do banco,
criado em 2003. Voltado para a
concessão de microcrédito, é vinculado ao Banco do Brasil.
A Lumens Serviço de Informação Ltda firmou contrato, por três
anos, para "desenvolvimento de
suporte à estrutura e gestão de
serviços" pelo valor mensal de R$
35 mil. Ela também receberia, disse ele, dividendos de acordo com
o crescimento de contas e pontos
de atendimento do banco.
Guimarães confirmou a contratação ao ser questionado pelo relator, Osmar Serraglio. O embasamento para a dispensa da licitação foi a alegação de "notório saber". Segundo ele, a Lumens é conhecida no mercado e tem grandes empresas como clientes.
A Lumens pertence a Bonerges
Ramos Freire, que é casado com
Patrícia Valente. Ela é irmã de
Mônica Valente, mulher de Delúbio. Segundo Guimarães, o contrato terminou em abril de 2005.
Seus argumentos não convenceram o relator. Guimarães foi
convocado para depor porque o
Banco Popular possui contrato de
publicidade, através do BB, com a
DNA, agência de Marcos Valério.
A CPI investiga se houve superfaturamento de contratos e desvio
de verba para o caixa dois do PT.
Em seu primeiro ano de funcionamento, o Banco Popular gastou
mais com publicidade, R$ 29,7
milhões, do que na concessão de
crédito, R$ 21,3 milhões. "Os gastos de marketing são mais elevados no primeiro ano porque é
preciso construir a imagem da
instituição", disse Guimarães.
No depoimento que durou seis
horas, Guimarães atribuiu toda a
responsabilidade pelas despesas e
decisões de marketing à diretoria
de marketing do Banco do Brasil,
que era ocupada por Henrique
Pizzolato. "Remetíamos os recursos ao Banco do Brasil e eles efetuavam os dispêndios. Não tínhamos contato com agências de publicidade", disse ele.
Guimarães trabalhou na campanha do presidente Lula em
2002 e disse ter arrecadado R$ 24
milhões em cem empresas. Guimarães disse que montou um
banco de dados com 6.000 empresas que eram contatadas por um
serviço de telemarketing. Questionado se houve caixa dois na
campanha presidencial ele disse
não ter conhecimento desse fato.
Sobre sua ligação com Valério,
disse que conheceu o empresário
em 2003 no Banco do Brasil. Em
2004, um sócio de Valério, Rogério Tolentino, comprou um apartamento que pertencia à ex-mulher do então ministro José Dirceu, Angela Saragoça. Ela afirmou
que a negociação teria sido feita
com Ivan Guimarães.
À CPI ele disse que estava procurando um apartamento por
meio de uma imobiliária e o teria
encontrado. Guimarães afirmou
que não sabia que o apartamento
pertencia à ex-mulher de Dirceu.
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