São Paulo, quarta-feira, 24 de agosto de 2005

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SOBERBA

A soberba e o equívoco sobre o conceito do poder, segundo Tarso Genro, foram as principais causas dos erros cometidos pelo PT, a origem da atual crise política que assola o partido e o obriga a uma "reconstrução" -palavra repetida diversas vezes ontem pelo entrevistado.
"Quando falo que o PT se comportou com uma certa arrogância ao chegar ao poder, falo de duas coisas: da interdição ao debate interno, principalmente para as grandes questões socioeconômicas do país, e da tentativa de tornar irrelevantes as relações internas, o que transformou o PT num ministério sem pasta."
Apesar da insistência dos entrevistadores, Tarso não quis citar nomes de petistas que agiram com "arrogância" no poder. "Eu não vou apontar nomes."
"A simbiose partido-governo levou a um total afrouxamento dos controles internos, a uma total irresponsabilidade na gestão, a uma total autonomia de gestão partidária. Em última instância, isso comprometeu a totalidade do partido, que agora precisa ser reconstruído."
Tarso criticou a cultura política do PT que, segundo ele, baseava-se na concepção messiânica de um partido da virtude sem nenhum vício.
"O PT formou uma cultura política, com a qual sempre me rebelei, de que, pela nossa natureza de ser um partido da classe trabalhadora, éramos a configuração da virtude sem nenhum vício. Essa cultura da virtude substituiu a preocupação de se ter um mecanismo eficiente de controle e de seleção das pessoas que deveriam ocupar cargos de responsabilidade", disse.
Como exemplo dessa "despreocupação" do partido, o presidente do PT citou Silvio Pereira.
"Ele era o secretário-geral do partido. Isso demonstra exatamente a ausência de critérios. Nós estamos pagando um preço caríssimo por isso", disse Tarso, que ressaltou não ter interesse em ofender Silvio Pereira.


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